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Prevenção das Dependências - Art of Counseling

Prevenção significa: Prevenir, Adiar e Reduzir o abuso de substâncias psicoactivas geradoras dependência crónica, progressiva e fatal.

Prevenção das Dependências - Art of Counseling

Prevenção significa: Prevenir, Adiar e Reduzir o abuso de substâncias psicoactivas geradoras dependência crónica, progressiva e fatal.

Lisa Damour: Adolescência não é assim tão simples

Visite este link com a Dra Lisa Damour (Fundação Francisco Manuel dos Santos)

https://youtu.be/vNJxVt30JGo?si=Tc4OQxSRhduU4zvO

A adolescência, é uma fase, explorar diferentes caminhos, desenvolver competências individuais e sociais - identidade e socialização. Nesta fase, os adolescentes herdam aquilo que a sociedade tem para oferecer, de bom e mau, certo errado. Fomos nós adultos que construimos o ambiente e o contexto para os adolescentes crescerem. Nesta fase, os pais são uma referência, um "farol", uma rede, que às vezes dão um "empurrão" para enfrentarem o desconhecido. Os filhos não escolhem os seus pais, merecem amor e desapego.
 

 

Parece que a prevenção sobre o abuso do alcool não está a funcionar. O que é que se pode fazer?

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Cultura que bebe, abusa e encoraja o consumo do alcool, droga legal. Como profissional, trabalho há mais de 30 anos no tratamento das substâncias psicoativas, vulgo drogas considero que o alcool é a droga mais perigosa. Por exemplo, inicia-se o consumo na adolescência, depois os jovens adultos abusam do alcool, o agravamento dos padrões durante a fase adulta e terminam com problemas de abuso e dependência que se prolonga ao longo de 20 anos, 30 e 40 anos. Uma vida inteira expostos aos efeitos negativas na saude fisica e mental - contra o estigma, a vergonha e a negação. A esta dura realidade, acrescentamos os efeitos na familia ( incluindo as crianças), no trabalho, etc. Conheço casos de indivudos com 60 anos que parecem ter 80. Segundo o site do Sicad (2018) calcula-se que existam mais de meio milhão de alcoolicos cronicos em Portugal e segundo novos estudos morrem, em media, por dia, 20 pessoas cujas causas estão directamente relacionado com o alcool. O alcool é uma droga legal que gera imenso sofrimento às pessoas e pode matar.  Os líderes politicos conhecem esta realidade, não só pelo efeito negativo nas pessoas, mas os  custos para o estado são enormes. Todavia, existe tratamento para o abuso e dependência alcoolica, é possivel recuperar, não me refiro somente ao individuo, mas a toda a familia, incluindo as crianças.

Campanha publicitária

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Campanha publicitária "Há conversas mais fáceis" visa sensibilizar os pais de filhos até 18 anos sobre os riscos do abuso de bebidas alcoólicas. Esta iniciativa foi promovida pelo Clube de Criativos de Portugal, em parceria com o Serviço de Intervenção dos Comportamentos Adictivos e Auto Regulação Publicitária.  Autores dos cartazes Roberta Batista e Gonçalo Martinho  

 

A prevenção das dependências começa em casa

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Os jovens são mais afetados pela publicidade ao álcool, revela estudo europeu recente. Segundo este estudo a exposição à publicidade a bebidas alcoólicas tem um enorme impacto no consumo entre os jovens e a autorregulação da industria não funciona. O estudo, em questão, publicado na reputada revista cientifica Addiction alerta para o impacto que o consumo de álcool tem entre os mais jovens e também alerta que o consumo de bebidas alcoólicas é a principal causa de incapacidade ou morte entre os jovens do sexo masculino com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos.

 O resultado deste estudo, vem corroborar outros  portanto não se trata de nenhuma novidade. Todavia, conscientes do problema, quais são as medidas impostas, pelos decisores políticos, que visam travar estes fenómenos? 1. O abuso do álcool, o consumo de bebidas alcoólicas por jovens com idades abaixo do permito por lei e 2. binge drinking (beber bebidas alcoólicas com o intuito de ficar intoxicado) e 3. abuso de bebidas alcoólicas é a principal causa de incapacidade ou morte entre os jovens do sexo masculino.

Quando contemplamos, o abuso de álcool pelos jovens, não o devemos fazer somente através dos reguladores institucionalizados com recurso a leis restritivas. Sabemos que as leis existem, mas também existem formas engenhosas de as contornar. Por exemplo, as marcas de cerveja, anunciam a cerveja sem álcool, todavia, é a fidelização à marca que importa e o lucro das cervejas sem álcool não creio que seja relevante comparativamente à cerveja com álcool. Nas camadas jovens, quem é que bebe cerveja sem álcool? Nos festivais de verão quem é que consome cerveja sem álcool? Nas festas académicas quem é que consome cerveja sem álcool? Na minha opinião, o consumo é residual comparativamente à cerveja com álcool. Para agravar a situação, a cerveja com álcool, neste tipo de eventos, para além de estar disponível em garrafas, também é servida a copos, que torna a venda mais acessível (e mais lucrativa), mesmo para aqueles jovens com fracos recursos financeiros.     

Por outro lado, considero que o problema são o comportamento das pessoas e não o álcool, propriamente dito. O problema não é o álcool. O problema não são as leis, são as pessoas que delineiam estratégias de marketing (publicidade) que visam somente o lucro (economia de mercado), o problema são os decisores políticos que evocam as questões económicas em detrimento das consequências do álcool nas camadas mais jovens, o problema são os media que não fazem investigação e não alertam ( e sensibilizam) a sociedade para as consequências do álcool,  as Instituições de ensino que formam profissionais, sem que estes estejam qualificados para abordar o assunto nas consultas e/ou nas urgências hospitalares e todos nós (sociedade civil) que compactua com esta «velha» tradição, imposta na nossa cultura, associada ao abuso do álcool, por exemplo, nas consultas ouço casos de alguns pais, com filhos de 11 e 13 anos, que afirmam o seguinte: “Os meus filhos já experimentam bebidas alcoólicas, começam a faze-lo em casa na presença dos pais. Por exemplo, numa festa é-lhes permitido, experimentar o álcool, com um gole.”. Contrariamente a este exemplo desafortunado, a prevenção mais eficaz, contra o abuso do álcool, começa em casa.  Infelizmente, o álcool ainda não é encarado como uma droga (substância psicoactiva do sistema nervoso central). Entre outras drogas o álcool é a droga mais perigosa, simplesmente, porque está disponível e porque permanecemos passivos perante todos estes fenómenos acimas referidos. Felizmente, nem todos os jovens abusam do álcool ou recorrem ao binge drinking, mas mesmo assim, a vida dos nossos jovens, mesmo em numero reduzido (refiro me aqueles que apresentam vulnerabilidades associados ao abuso do álcool), são mais importantes que o lucro das empresas e/ou tradições/tendências disfuncionais e retrogradas. É possível ser feliz, sem beber bebidas alcoolicas.

Qual é o tipo de educação que você escolhe para o seu filho?

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«As crianças ouvem tudo aquilo que os pais dizem. Elas imitam tudo aquilo que você faz. Seja uma referencia/modelo positivo.»

 

Se você bebe bebidas alcoólicas, na frente dos seus filhos, faça-o de uma forma responsável.

Se você consome drogas ilícitas, não o faça na frente dos seus filhos e não o encoraje a seguir o mesmo caminho em relação às drogas. Proporcione-lhes conhecimento cientifico sobre o assunto. Lá porque você não identifica problemas, relacionados com o uso de drogas, isso não quer dizer que o mesmo aconteça com o seu filho.

Se você é fumador, evite fazê-lo na presença do seu filho. Assuma perante o seu filho que a sua escolha em fumar está errada e que pode acarretar consequências graves de saúde e perda de qualidade de vida. Admita a dependência e fale com ele sobre o assunto.

Se você toma medicação, sujeita a receita medica, não o faça na frente do seu filho, é um assunto que só diz respeito a si próprio; faça-o de uma forma discreta e mantenha (guarde) os medicamentos longe do alcance das crianças.

Faça um tipo de alimentação diversificada, equilibrada e saudavel. Evite expor o seu filho ao consumo excessivo de açucar.

Pratique desporto com o seu filho e encoraje-o a fazê-lo com os amigos.

Dê oportunidades ao seu filho para descobrir o mundo. Um mundo seguro, mágico, que desperta e estimula a curiosidade, interessante. Como pai/mãe seja um bom guia. Proporcione às crianças valores e princípios, morais universais, que fomentem a honestidade, a felicidade, a empatia, a confiança, a liberdade, a resiliência e a justiça livre de drogas. 

 

Verdadeiro ou Falso?

Em Portugal, o fenómeno do consumo de drogas ilícitas evolui significativamente, a partir do final dos anos 70 e princípio dos anos 80, nesse sentido, alguns pais que durante a adolescência consumiram drogas socialmente, podem erradamente negligenciar sinais e sintomas da dependência nos seus filhos. Alguns relatos de pais:  "Eu também usei drogas, mas nunca tive problemas de dependência, e quando soube que o meu filho, também consumia, presumi, erradamente, que ele nunca iria desenvolver uma dependência. Quando o confrontei com o assunto, já foi tarde demais. Ele estava dependente."  

 

Sabe porque é que os adolescentes consomem drogas ilícitas? Por curiosidade, desafiar o perigo, para relaxar, para quebrar o tédio, o aborrecimento e para se integrarem num determinado grupo de pares. De início o consumo de drogas é frequentemente associado ao lazer e ao convívio. Algumas pessoas, mais vulneráveis, prolongam o consumo; aumentam a frequência, a duração e a intensidade.

 

Alguns factores que contribuem para a dependência de drogas no individuo.

1. Usar drogas antes e durante a adolescência.

2. Trauma: Abuso emocional, físico e/ou sexual

3. Historial de dependência de drogas na família. Apesar de não existir consenso entre investigadores sobre os factores genéticos, uma criança que testemunhe consumo ou abuso de drogas, por pessoas significativas, pode crescer com a crença de que usar drogas é OK.

 

Se você tem filhos adolescentes sabia que as probabilidades de eles um dia consumirem drogas são reais? Eles podem parecer, de acordo com a sua avaliação, indivíduos que sabem o que querem da vida e seguros das suas decisões, mas o seu cérebro ainda não totalmente desenvolvido e isso significa que a capacidade de avaliar e tomar decisões seja diferente daquela que você pensa que eles têm na realidade.

Um dos motivos pelas quais, a maioria dos pais, reage com indignação, negação e/ou pânico quando toma conhecimento de que um dos seus filhos é consumidor de drogas ilícitas está relacionado com a seguinte crença:

Mito: O problema das drogas e as dependências só acontecem aos outros.

Realidade: Um individuo que deseje consumir drogas não precisa de fazer um grande esforço/sacrifício para satisfazer a sua vontade. A oferta das drogas supera a procura.

 

A cultura associada às drogas ilícitas, o canábis, que promove o consumo, como “droga leve” desvaloriza e nega a investigação cientifica e o conhecimento empírico dos profissionais que trabalham na área das dependências. Parte dessa cultura está assente no lucro, em detrimento da saúde das pessoas. Segundo algumas previsões, nos EUA, sobre os lucrosa da venda legal de canábis rondam os 3 mil milhões de dólares. Em Portugal, não existe maturidade política e legislação que monitorizem os efeitos da publicidade (técnicas agressivas de marketing) e salvaguardar o direito do individuo à informação, à prevenção e ao tratamento do impacto das drogas na saúde, incluindo o apoio às famílias afectadas pelas consequências negativas, incluindo as crianças. Podemos retirar um exemplo do fenómeno em relação ao álcool. O álcool, como se sabe, é um problema de saúde pública, todavia, os lucros da indústria do álcool (milhões de euros) e os interesses (lobbies capitalistas) estão acima do direito das pessoas – saúde. De acordo com a minha opinião, infelizmente o mesmo fenómeno irá acontecer com venda e o consumo da canábis. Nos últimos dez anos, os casos de indivíduos que procuram ajuda profissional, derivado ao consumo excessivo de canábis (marijuana e haxixe), tem aumentado significativamente.

 

Sabia que o consumo de canábis, vulgo marijuana (planta) e haxixe (resina), em doses elevadas podem conduzir a situações de elevada ansiedade, pânico e até a episódios de esquizofrenia. É um mito e errado classificar estas substâncias psicoactivas, como drogas leves. De acordo com o seu conhecimento, o álcool é uma droga «leve» ou «dura»?

 

«O consumo excessivo de canábis não mata, mas pode conduzir à loucura.»

Como não avançamos a tendência é para cristalizar.

Em pleno seculo XXI, a prevenção das drogas em Portugal ainda é um mito.

Considera que a nossa cultura reforça a prevenção das dependências? Na minha opinião, a resposta não é fácil, mas creio haver necessidade de uma revolução, porque as dependências de substâncias psicoactivas licítas, do Sistema Nervoso Central, incluindo o álcool e as ilícitas, são uma epidemia e representam um problema de saúde pública com custos elevadíssimos. Caso não se tomem as devidas precauções a tendência é para se agravar visto negarmos esta realidade. E enquanto for negada vai assumindo proporções epidémicas. Só para se ter uma ideia, o álcool é a droga mais perigosa, comparativamente a todos as outras, porque é aceite socialmente.

Segundo Edward B. Tylor cultura é «Aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade.» A sociedade somos nós.

 

O fenómeno tende a alastrar-se

Desde o princípio dos anos 80, após a revolução do 25 de Abril de 1974, não existe uma política que contemple um plano de prevenção das dependências direccionado para os jovens, pais e escolas. Não existe uma cultura de investigadores, de educadores, de instituições e profissionais e de pais que assumam um compromisso sobre a prevenção. Outra situação idêntica, educação sexual inexistente nas escolas. Se o ser humano pratica sexo há milhares de anos, qual é o problema abordar o tema abertamente? São os mitos? Os preconceitos? Ou outra razão que eu desconheça? O mesmo acontece com o álcool e outras drogas. Se o ser humano sempre consumiu drogas, desde os primórdios da humanidade, qual é o problema em abordar o tema abertamente?

 

Se o ser humano sempre consumiu drogas, a partir dos anos 60, este fenómeno assumiu proporções epidémicas em todo o mundo. O mundo das drogas (produção, trafico, consumo e a dependência) é complexo, mas também precisamos de admitir que o contexto social tem sido terreno fértil para a sua propagação. Existe uma cultura (moda) que procura sensações fortes de prazer e bem-estar a fim de descomprimir das tensões, do tédio e que visa acabar com o sofrimento através de drogas, incluindo a auto medicação, substâncias sujeitas a prescrição medica (por exemplo, os ansiolíticos). Existem drogas diferentes para todos os tipos de preferências, tendências, contextos e estatuto sociais, a procura supera a oferta; estão criadas as condições para um negócio lucrativo. O tráfico, o consumo ocasional, o abuso e a dependência são uma indústria com lucros muito significativos.Estima-se em 160 mil milhões de dólares, oriundos do narcotráfico, anualmente lavados na banca internacional. O negócio global de muitos milhões de dólares, dinheiro sujo das drogas, é constituído por um sem número de parceiros, interesses e «fiéis» colaboradores que ajudam a sustentar a economia global. É um círculo vicioso.

 

 

 

2008/20013 - 5 Anos a prevenir no Sapo

A Prevenção das dependências comemora este mês de Agosto 5 anos de presença no Sapo Crescer. Estamos todos de parabéns!

Um dos principais objectivos deste projecto online consiste em sensibilizar e alertar a sociedade sobre os benefícios da prevenção das dependências na família, na escola, no grupo de pares e na comunidade. É um investimento cujo retorno é indubitavelmente precioso e recompensador; as nossas crianças são um tesouro demasiado precioso.

 

  • Sabia que este blogue é pioneiro em Portugal (1º) em disponibilizar informação científica, experiencia profissional com duas décadas sobre a Prevenção das dependências?

 

  • Sabia que até à data desta publicação, Portugal, não possui uma política nacional que vise a Prevenção das dependências. Infelizmente, este facto deve-se em grande parte aos decisores políticos.
  • Se não forem os pais, a escola e a comunidade a informar as crianças sobre os perigos das drogas, incluindo o alcool, outras pessoas vão faze-lo. 

Este projecto online para além de Portugal, já ultrapassou fronteiras e podemos encontrar visitas oriundas de vários continentes, tais como:

África - Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde.

Américas - Estados Unidos da América, Brasil, Canadá, México, Argentina, Venezuela,

Europa - Suíça, Suécia, Luxemburgo, Polónia, Holanda, Bélgica, Itália, Alemanha, França, Reino Unido, Noruega, Espanha, Grécia, Áustria, Rep. Checa, França, Luxemburgo, Finlândia, Dinamarca, Irlanda, Áustria.

 

  • Visitantes: Actualmente estão contabilizadas 58.995 visitas e 78.308 page views

Aproveito esta data especial para agradecer a todos aqueles, que participaram com comentários, publicações e tornaram possível este projecto, em especial, ao Sapo por ter disponibilizado esta plataforma online. 

Evidência cientifica reforça a necessidade de medidas preventivas

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) 25 e 50% das pessoas podem ter sido abusadas fisicamente durante a sua infância. Uma experiência definida como o uso da força física que prejudica a saúde da criança, a sobrevivência, o seu desenvolvimento ou dignidade. Maus tratos na infância não se restringem somente ao abuso físico, as crianças também podem ser emocional ou sexualmente abusadas ou negligenciadas e essas experiências podem ter implicações serias e duradouras para a saúde do adulto.

A associação entre o abuso sexual infantil e problemas de saúde psicológica na vida adulta actualmente já estão documentadas e confirmadas. No entanto, os resultados na saúde da criança sobre o impacto da exposição aos maus tratos, não sexuais (abuso físico, emocional e negligência), a longo prazo, não têm sido sistematicamente examinados.

 

No ano passado, uma revisão sistemática e meta-análise publicada na PLoS Medicine (Norman e colegas, 2012) facultou um melhor entendimento sobre a associação entre a exposição ao abuso físico, abuso emocional e negligência na infância, os resultados de saúde física e mental mais tarde na vida adulta.

 

Abuso físico, abuso emocional e negligência são normalmente ligados a efeitos na saúde física e mental

Crianças emocionalmente abusadas apresentaram um risco três vezes maior de desenvolver doença mental – depressão e ansiedade. Efeitos idênticas de maus tratos à criança (não-sexuais) apresentam um risco significativo de desenvolverem perturbações do comportamentos alimentar, uso de drogas e álcool e comportamento suicida.

 

O único resultado, na saúde física, para o qual existe uma forte evidência de uma associação aos maus tratos (não sexuais) à criança é o das doenças sexualmente transmissíveis e/ ou comportamentos de risco associado ao sexo. Estes resultados foram cerca de 1,7 vezes mais prováveis em pessoas com uma história de abuso.

A evidência para uma associação com doenças crónicas, como o acidente vascular cerebral, a obesidade, a artrite e dor de cabeça / enxaqueca era fraco e inconsistente.

 

Norman RE, Byambaa M, De R, Butchart A, Scott J, et al. (2012) The Long-Term Health Consequences of Child Physical Abuse, Emotional Abuse, and Neglect: A Systematic Review and Meta-Analysis. PLoS Med 9(11): e1001349. doi:10.1371/journal.pmed.1001349

Andrews et al (2004) Child sexual abuse. In Comparative quantification of health risks: global and regional burden of disease attributable to selected major risk factors (PDF) (Ezzati et al, editors). WHO, Geneva; pp 1851-1940

 

Comentário: De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde sobre o numero de crianças abusadas e negligenciadas, são preocupantes visto representarem um custo muito elevado (Estado) e perda da qualidade de vida (doença, crise, acidentes, dor e sofrimento etc). Apesar de, em Portugal  o numero de jovens que consomem e  abusam de drogas, incluindo o álcool, ao longo das suas vidas, não ser generalizado, isso não significa que não seja prioritário um plano nacional de prevenção das dependências;  nicotina, canábis,  álcool (qualquer bebida com teor alcoólico). De acordo com o ultimo inquérito (2007) o alto grau de dependência afeta 10% dos fumadores, sendo a motivação para parar de fumar reduzida  (85,5% dos fumadores). Por outro lado, assistimos impotentes ao aparecimento de novas drogas, senão vejamos, após o recente decreto que proíbe a venda de drogas nas smartshops já surgiram seis novas substâncias psicoativas. O cánabis é a drogas mais consumida entre os jovens. Nos últimos anos têm surgido mais pedidos de ajuda a jovens que desenvolvem comportamentos problemáticos associados ao consumo excessivo de cánabis (psicoses, abstenção e redução do aproveitamento escolar, impulsividade, depressão, perda da memoria e concentração).

Apesar de o estudo realizado pela CESNOVA (Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa) revelar que o consumo generalizado, sobre a prevalência de embriaguez ter caído, é do conhecimento geral, que os jovens, alguns menores de idade, desenvolvem uma cultura de divertimento muito forte associada ao abuso do alcool (Binge Drinking) cujo intuito é a embriaguez; por exemplo as queimas, os espectáculos de musica e as saídas à noite.

Podemos concluir, depois do estudo da OMS, que as crianças que tenham sofrido qualquer tipo de abuso (emocional, físico e sexual) e negligência parental estão em risco de desenvolverem comportamentos de alto risco associado ao álcool e/outras drogas e perturbação do comportamento alimentar.

Siga o link da Organização Mundia de Saude

http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs150/en/index.html