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Prevenção das Dependências - Art of Counseling

Prevenção significa: Prevenir, Adiar e Reduzir o abuso de substâncias psicoactivas geradoras dependência crónica, progressiva e fatal.

Prevenção das Dependências - Art of Counseling

Prevenção significa: Prevenir, Adiar e Reduzir o abuso de substâncias psicoactivas geradoras dependência crónica, progressiva e fatal.

Como é que o processo da dependência se desenvolve no adolescente? Por Philip Ward e Patricia Cobertt

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«O abuso de drogas , por parte dos adolescentes, precisa de ser compreendido no contexto do próprio desenvolvimento dos jovens. A compreensão do abuso de drogas, pelos adolescentes exige uma abordagem multidimensional; biológica, psicológica, social e espiritual.

De acordo com abordagem multidimensional,  o desenvolvimento da adolescência consiste num período de vida repleto de mudanças dramáticas e transições. A diferença entre adultos e os adolescentes, é que os jovens, durante este período de tempo encontram-se num processo de transições, estando assim, mais expostos aos riscos, perigos do abuso das drogas e consequências negativas, a longo prazo.

A adolescência é um período de transição e caos de acordo com a seguinte lista de comportamentos observados nos jovens:

  • Os adolescentes estão num processo de mudança: da dependência para a independência.
  • Exploram a sua identidade e o autoconceito.
  • As suas experiências intrapessoais (sentimentos, desejos, valores, necessidades) refletem-se nos seus relacionamentos interpessoais.
  • É considerado normal, afastarem-se dos pais e procurar a companhia dos pares.
  • O processo biológico envolve o afastamento dos pais.
  • O objetivo deste processo biológico é a autonomia e a vida adulta.

Porque é que os “bons rapazes” envolvem-se em “comportamentos errados”? Existem pelo menos duas respostas. 1) A resposta é simples, na maioria dos casos, os “comportamentos errados” não produzem sensações negativas. 2) A resposta representa um significado diferente para o adolescente: Qual é o risco de consumires drogas? Para os pais, tudo aquilo que represente um potencial risco ou perigo para os seus filhos, está incluído na lista das coisas “más” e “erradas”. Para os adolescentes, em pleno processo de transição, que procuram integrar-se, explorar a sexualidade, experimentar identidades, curiosidade em estilos diferentes de vida e procurar o afastamento dos pais, os “comportamentos errados”, segundo os pais,  são considerados uma ajuda que pode facilitar o processo de mudança caótico e dramático. Tal como acontece na sociedade, certas normas e regras determinam o comportamento permitido e lícito versus o comportamento errado e ilícito

Processo da dependência – a introdução à “pedrada”; o individuo estar sob o efeito das substâncias psicoativas.

Os objetivos de um adolescente com baixa autoestima, a que vamos chamar Pedro (nome fictício), deslocar-se a uma discoteca são; parecer “cool” e divertir-se com os seus amigos. Considerando este cenário, como ponto de partida, a dada altura na discoteca, um dos amigos do Pedro, acende um charro, dá umas passas e depois passa ao Pedro que faz o mesmo e passa a outro. Após a primeira experiência ao dar umas passas num charro, o Pedro sente-se diferente e desinibido. Fumar canábis pode atenuar ou neutralizar a ansiedade. Sob o efeito da substância o jovem sente-se desinibido e ligado (identificado) aos seus pares. Tal como já foi referido anteriormente, identificar-se com os seus amigos é um dos fatores críticos do desenvolvimento da adolescência, assim sendo, se os amigos do Pedro consomem drogas o efeito da identificação (pertença ao grupo) é reforçado. O Pedro, pensa, “Afinal fumar canábis não é assim tão perigoso, como os meus pais afirmam…”. Esta reflexão do Pedro poderá ser o fio condutor que o conduza às próximas experiências com drogas, surte um efeito semelhante, durante os primeiros dias de um envolvimento romântico apaixonado. No fim de semana seguinte, o Pedro vai a outra festa, mas ninguém o convida para consumir canábis, o jovem identifica um tipo diferente de sensações, enquanto na festa anterior não sente ansiedade, nesta festa, fica com uma sensação desconfortável e com a sensação de que toda a gente presente na festa, está ciente das suas inseguranças e defeitos (centro das atenções). Esta constatação é acrescida pelo seguinte raciocínio, pelo Pedro: “Se eu fumar canábis, sinto-me seguro e na boa, mas se não fumar, sinto-me desconfortável…”

 

 

 

 

 

 

 

 

O estigma, a negação e a vergonha e a prevenção dos comportamentos adictivos

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Por motivos históricos, culturais e morais, precisamos de mudar a perceção de algumas crenças rígidas e disfuncionais. Segundo o dicionário da Priberam da Língua Portuguesa estigma é. "Marca, cicatriz perdurável, marca infame feita com ferrete." Recorremos ao estigma ("marca", rótular, preconceitos) a fim de nos diferenciar dos outros, desta forma, estabelecemos uma identidade social, convencendo que somos aqueles que são os "normais.". Na realidade, todos nós já sofremos com o estigma; fomos marcados, sinalizados como “anormais -  persona non grata.

 

Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa negação é: "Não confessar culpa ou delito, recusar, repudiar, afirmar que algo não existe (desmentir), rejeitar" O que é que fazemos quando não queremos ver a verdade? Quando adiamos algo importante? Como é que se ajuda uma pessoa que recusa ser ajudada? O que é que fazemos quando justificamos o injustificável e o disfuncional? Optamos por esconder, não ver, não sentir e resistir à mudança de comportamentos e atitudes.

 

Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa vergonha é: "Pudor, pejo, timidez, acanhamento, timidez, embaraço, receio de desonra" Esta definição diz-nos pouco sobre o poder toxico da vergonha. A vergonha tóxica está enraizada na identidade (ser); não ser digno, não merecer, algo está errado connosco, preocupação e perfecionismo. A vergonha é mais difícil de identificar do que o sentimento de raiva, a ansiedade e a necessidade do controlo. Levamo-nos demasiado a sério (excesso de zelo, moralidade) porque queremos “esconder” a vergonha toxica.

 

Passamos uma parte considerável da nossa vida social a fingir, a negar e a proteger-nos da critica alheia com medo de revelarmos os sentimentos: desenvolvemos a crença que seremos criticados/julgados, repudiados por isso. Na verdade, sentir é OK, independentemente, daquilo que outros pensam ou dizem. É uma prioridade conseguirmos ser honestos connosco próprios.

 

 

Negar as evidencias não é um acto responsável

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Gradualmente, a legalização da canábis (resina e planta), vulgo haxixe e erva, sem ser para utilização terapêutica, tem ganho adeptos dos mais variados quadrantes da sociedade; partidos políticos, organizações não governamentais, opinion makers, alguns artistas, comunicação social, etc. Pessoalmente, não sou a favor da legalização da canábis e explico porquê. Não tenho nada contra as drogas, tenho é muitos motivos para estar desacreditado e desiludido em relação às pessoas, refiro-me aos decisores políticos.  Por outro lado, os portugueses não estão suficientemente informados, a nível científico, sobre os efeitos da droga psicoativa alteradora do sistema nervoso central. Quantas aldeias e vilas empobrecidas, principalmente do interior do país, estão informadas a nível científico? Estas pessoas continuam a recorrer aos mitos e tradições retrogradas e desatualizadas, em termos de comparação, acrescento o consumo do álcool, para efeitos terapêuticos, “beber álcool aquece”, “beber álcool alimenta “ou  “beber algo dá energia”, etc. Nestas aldeias, mais depressa se encontra um traficante de canábis, do que luz na rede elétrica. Nas consultas, escuto pais, licenciados, também baralhados e confusos, perante os argumentos, adquiridos na rua ou informação falsa, dos seus filhos que insistem que o canábis é uma droga inócua para a saúde.

 

 

10 anos de existência na blogosfera 2007/2017

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  • Setembro de 2007/2017 – O blogue comemora 10 anos de existência. Em 2007, decidi criar dois blogues: 1. Sobre a prevenção das dependências e o 2. sobre o tratamento e a recuperação da adicção.  Foram os primeiros blogues, em Portugal, a abordar a prevenção das dependências/comportamentos adictivos por um profissional.
  • Recordo a minha ambivalência em relação às primeiras publicações, estava consciente das minhas limitações e duvidas, em termos da escrita. Tinha varias questões na minha mente: «Será que alguém vai interessar-se pelos temas?» ou «Será que as pessoas vão gostar do meu estilo de escrita?» Existiam um rol infindável de duvidas e questões para as quais não conseguia obter uma resposta concreta, mas por outro lado, estava motivado e entusiasmado em explorar o potencial da Internet e lançar a discussão publica a fim de quebrar o estigma, a negação e a vergonha, partilhando ideias, experiência profissional, conhecimento e alguns avanços na investigação cientifica. Em setembro, decidi arriscar. Passados dez anos ainda bem que o fiz.
  • Se naquela altura, a prevenção já era um tema atual e preocupante, devido ao estigma, da negação e da vergonha associados às dependências, passados dez anos, o tema continua a estar em voga; o mundo dos adultos não é seguro para alguns jovens vulneráveis.
  • O blogue aborda varias temáticas sobre a prevenção das dependências e conta com a participação de varios profissionais dedicados.
  • Passados dez anos, recebo uma media de 2 emails por semana de indivíduos que procuram orientação sobre a problemática das dependências nas suas famílias e/ou escolas.
  • O blogue é interactivo com o Facebook, o Google + e o LinkedIn .
  • Para terminar, aproveito para manifestar a minha gratidão a todos aqueles que participam com textos, incluindo a colaboração de profissionais, mensagens, partilhas e comentários ao longo de dez anos. Aproveito para dar uma boa noticia, o blogue irá continuar disponível e a lançar a discussão aberta e honesta contra o estigma, a negação e a vergonha. «Mais vale prevenir do que remediar»

 

Todos nós temos dificuldades, mas uns têm dificuldades desde a nascença

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As crianças oriundas de contextos familiares de pobreza, estão expostas a níveis elevados de stress, responsável por despoletar problemas psicológicos ao longo das suas vidas.

De acordo com investigadores da Universidade de Cornell, nos EUA, as crianças que vivem em contextos familiares de pobreza estão predispostas a desenvolver problemas de memória e aprendizagem, comportamentos violentos/agressivos e antissociais, tais como o bullying. O resultado da investigação, não revela que todas as crianças provenientes de contextos familiares de pobreza se tornam violentas, mas o risco de isso acontecer é elevado. Aquilo que o Dr. Gary Evan, autor do estudo, afirma é «Se a criança nasce pobre, está mais vulnerável quanto a desenvolver problemas psicológicos e ser pobre representa uma fonte enorme de stress. Todas as pessoas são afetadas pelo stress, mas as famílias com baixos rendimentos, incluindo as crianças, sofrem muito mais. Estas crianças vulneráveis, expostas ao stress excessivo, sofrem o efeito cumulativo e de interação.»

Neste estudo sobre a memoria, envolveu crianças de classe media e crianças pobres, durante quinze anos (desde os 9 aos 24 anos), segundo o autor, as crianças oriundas de classes sociais mais desfavorecidas apresentavam maiores dificuldades no desenvolvimento das suas competências cognitivas, por exemplo, na linguagem e desenvolvimento pessoal. Este estudo também veio mostrar que os adultos, oriundos de classes desfavorecidas, apresentavam níveis crónicos de stress desde crianças. Afim de prevenir este tipo de perturbações psicológicas em crianças pobres é necessária uma intervenção prematura e eficaz. Uma forma de o fazer é proporcionar apoios sociais aos pais destas crianças, a fim de melhorar os seus orçamentos familiares. Este estudo foi recentemente publicado em Proceedings of the National Academic Sciences.

Visando combater as assimetrias sociais, os investigadores das universidades de Portsmouth (Reino Unido) e Viena (Áustria) apelam que a saúde deve ser uma prioridade antes da riqueza e confirmam que desde 2009 até 2015 são cada vez mais os jovens do sexo masculino que se suicidam nos países pobres da Europa (UE) na consequência das medidas de austeridade destinadas a combater a crise. O desemprego que afeta, as classes mais desfavorecidas, é segundo os autores deste estudo, uma das principais causas de suicídio entre os jovens. Este estudo foi pioneiro no género porque visou relacionar as variáveis - austeridade e taxas de suicídio.

Segundo o Observatório das Desigualdades, existiam em Portugal 1.967 milhão de pessoas (dados de 2010) em risco de pobreza.

Durante mais de uma década trabalhei em instituições de tratamento (regime residencial de internamento) para indivíduos adultos dependentes de drogas lícitas, incluindo o álcool, e ilícitas, e venho por este meio corroborar este estudo da Universidade de Cornell. Escutava com muita frequência, por parte de indivíduos oriundos de classes desfavorecidas, o stress que representava para eles ser rotulado como «pobre». Significava ser considerado um marginal (estigma), viver dependente de apoios sociais e não possuir as mesmas oportunidades, numa sociedade democrática, cujo sistema privilegia os indivíduos de classes sociais mais favorecidas. Para finalizar, os indivíduos referiam que o stress, era vivido antes mesmo de serem «apanhados» pela dependência de substâncias psicoativas do Sistema Nervoso Central.

 

21ª Dica Arte Bem Viver, de 14/08/2011

Olá

O que é que o nosso legado familiar nos transmite sobre a forma como gerimos a dor? Aquilo que somos e fazemos depende muito da história (tradição) da nossa família. Na idade adulta, como aprendemos a gerir - “modus operandi” - a dor? Sabia que é a partir da infância que aprendemos acerca da importância da programação da dor e do prazer na vida (equilíbrio).

 

É do senso comum que a dor faz parte do desenvolvimento das nossas competências e talentos, todavia, fugimos dela; negando, iludindo, justificado e racionalizando. Este mecanismo, natural e humano, mas complexo e delicado, pode ser potenciador para o nosso investimento, serio e prioritário, no prazer imediato.

 

Quanto maior for o investimento, que façamos no prazer; menor a capacidade crítica que desenvolvemos sobre a importância da dor no nosso desenvolvimento emocional e espiritual (equilíbrio). Ao agirmos no prazer imediato, na busca da gratificação e do reconhecimento, podemos negligenciar e interferir, negativamente, na programação da dor e do prazer. Podemos confundir necessidades (prioridades) com vontades (desejos). Queremos as coisas já…

 

Por vezes, recorremos às pessoas e às coisas materiais como uma tentativa para preencher o vazio emocional, de forma a suavizar as emoções dolorosas (ex. procurar uma imagem perfeita, controlar as mudanças do humor), todavia e nesse sentido, monitorize, o mais honestamente possível, o padrão de comportamento. Confie na sua intuição, pratique a reflexão e a introspecção.

 

“It only looks like the good life” Autor desconhecido

 

Votos de uma semana equilibrada; entre a dor e o prazer!

 

Comentário: Sabia que a Dica Arte de Bem-Viver começou com uma "brincadeira" para os amigos, em Abril de 2011? Atualmente é enviada para mais de 500 pessoas e vários países de expressão portuguesa (Portugal, Angola, Moçambique e Brasil) e para os Estados Unidos da América. À data deste post vai na sua 179ª publicação. Caso deseje receber a Dica Arte Bem-Viver (semanal) basta enviar um email para joaoalexx@sapo.pt. No assunto da mensagem escreva: Dica Arte Bem-Viver. Todos os dados são confidenciais. É grátis. Mais Vale Prevenir Do Que Remediar.

 

 

 

 

"O Regresso à Escola"

Entrevista ao Dr. Miguel Mealha Estrada sobre “O Regresso à Escola”
Por:
Patrícia Tadeia, Jornalista - METRO PORTUGAL

Patricia Tadeia: Como é que as crianças vêem e lidam, de um modo geral, com o primeiro dia de aulas? É um dia fundamental para traçar todo o percurso escolar?

Miguel Mealha: Varia de criança para criança; varia desde a educação e disponibilidade emocional que os pais têm dado e dão à criança, desde como a sua composição genética, estará, digamos “preparada” para lidar com o desconhecido e como se vai moldando durante o desenvolvimento. Outro factor muito importante, é que o "primeiro dia de aulas" não começa quando a criança entra na escola, mas sim, enquanto a criança, neste caso o feto, ainda está dentro da barriga da mãe (para mais detalhes ler o meu artigo no Portal da Saúde, "O Irrelembrável e o Inesquecível- A Alquimia do Nós" (http://saude.pt.msn.com/, na secção "Família- Fertilidade e Gravidez) - a criança desde essa etapa, digamos, já está a aprender. Com isto quero dizer que a preparação da criança para enfrentar e saber lidar de passo a passo com novas situações e desafios, começa pelo seu desenvolvimento, desde bebé, à cresce até ao primeiro dia de escola, e isto está dependente da capacidade dos pais de ensinar os filhos a auto-regularem-se psicologicamente entre outros factores sociais de influencia e mesmo da pré-disposição genética do ser humano, acompanhando assim os níveis de desenvolvimento do bebé e da criança (o qual não é linear) - este é um assunto extremamente importante o qual eu explicarei em mais detalhe nas seguintes perguntas; é essencial que os pais saibam, e eu farei o meu melhor em explicar em termos leigos, de certos factores muito importantes que a as ciências da neurobiologia afectiva e das relações nos informam cada vez mais sobre as frustrações, medos, ansiedades, oportunidades e possíveis resoluções de problemas que afectam a aprendizagem e o ser humano em si- tudo isto faz parte da composição da experiência emocional do aprender e ensinar.


Quanto ao "primeiro dia de aulas": é um começo, algo não concretizado, que trás uma série de expectativas (algumas conscientes e outras inconscientes), que na sua generalidade trazem sempre questões humanas tais como: um novo começo, que expectativas a criança e níveis de auto- estima trás consigo, estará preparada para lidar com o desconhecido e formar e manter relações, tanto com os professores como com os colegas- será um comprimento de desejos? A não ser que experiências negativas no passado tenham reduzido a capacidade emocional da criança para enfrentar tais dilemas; há sempre dúvidas, medos, incertezas, pensamentos "será que vou falhar?", "será que os meus pais me vão dar suporte?", "será que os meus pais vão deixar de gostar de mim se eu não conseguir?", "será que o professor ou professora irá gostar de mim?"- os riscos a tomar, o aprender cada vez mais a lidar com os medos e frustrações, o começar a saber a distinção entre as fantasias e a realidade, o saber lidar com a ansiedade e a incerteza, que neste período de desenvolvimento é crítico que tanto os pais e os professores estejam atentos e haja comunicação entre ambos para assim ajudarem a criança a desenvolver os seus mecanismos cerebrais e o seu sentido de coerência para lidar com o desconhecido, e passo a passo, a desenvolver uma aptitude mais independente na sua auto-regulação emocional- estes são alguns dos parâmetros irredutíveis dos direitos das crianças. Por tal, não digo que é o começo de uma trajectória de ensino, mas sim, mais um passo no desenvolvimento da criança que começou no útero da mãe.
Quanto ao primeiro dia de escola, existem sentimentos e comportamentos frequentes, que podem ser lidados com imaginação tais como:


• Levantar- se cedo. Isto significa que a criança pode ter um pequeno-almoço relaxante, deixando tempo suficiente para lidar com receios - e ainda chegar à escola a tempo.


• Não falar sobre o quanto vai sentir falta do seu filho/a. Não deixe que as suas preocupações sejam um obstáculo para com a criança- aprenda a lidar com as suas ansiedades sem as projectar para com as crianças. Tanto a pé com a sua criança para a escola (ou colocar ela no autocarro da escola), conversar com outros pais se você necessita de suporte. O seu filho/a já tem o suficiente com que se preocupar com o primeiro dia de aulas sem ter que ser responsável para acalmar as ansiedades doa pais.


• Foque-se na diversão. Se escolta seu filho à escola, conhecer o professor em conjunto e dar uma vista de olhos em torno da nova aula, falando com o professor acerca de coisas de que a criança gosta, tais como arte, arte, brincadeiras preferidas, até modos de leitura.


• Se o seu filho/a ficar chateado ou com ansiedade e medos, reconhecer o sentimento e peça ao professor para sugestões, incluindo na conversa a criança. Poderá dizer, "Eu sei que estás com medo- decerto que não és só tu, outros teus colegas também estarão. "Vamos pensar sobre algo que te vá a ajudar a sentir melhor.”. Sugira ler um livro juntos ou iniciar uma actividade.


• Peça ao professor para ajudar. Se o seu filho ficar ansioso ou com uma ligeira ansiedade de separação (o que nestes tempos é bastante normal), peça ajuda ao professor. Poderá dizer, "vamos dizer olá ao teu professor juntos. Ele irá tomar conta de ti e não te esqueças que eu penso sempre em ti."


• Fazer uma saída rápida se possível. Tomar a relação para com o professor/a para com o seu o seu filho/a, mas quando é hora de ir, vá. Uma saída rápida pode ser mais útil para a criança, com um "adeus e até logo, diverte-te."

As primeiras semanas de escola são um tempo para ajudar a criança ajustar-se às rotinas, aos seus medos e ansiedades. Entusiasme-se com o que ela aprende e ajude-a a tornar-se mais independente dos pais. Aqui estão algumas sugestões de como poder ajudar:


• Conheça o professor/a. Quanto mais rápido os pais estabelecerem uma relação positiva com o professor/a do seu filho/a, a probabilidade da criança em adaptar-se a novos ambientes e tornar-se independente na generalidade será mais elevada, pois a criança terá em mente que existe um elo de confiança entre aluno/professor que é baseado na auto- confiança dos pais, que se projecta para com o professor/a. Quanto mais segura a criança se sente, mais energia ela pode pôr em aprendizagem - ou seja, a partir da perspectiva dos pais, que pretende apoiar a sua criança formando esse vínculo de qualidade para com o professor/a.


• Quando leva a criança para a sala de aulas, peça para ver alguns trabalhos. Se você sente que a criança se sente desconfortável com receios, medos e ansiedades, foque-se no positivo, mas muito importante, não descarte os seus medos- valide-os, ouça a criança e que ela sinta que os pais sentem o que ela sente, para então ela se sentir emocionalmente compreendida. Peça-lhe para lhe mostrar um projecto de arte, ou outra actividade que ele está fazendo na escola. Faça entender a criança que é normal ter medo e ansiedade nos primeiros dias de escola e que a criança saiba que os pais e professores estão emocionalmente disponíveis para dar apoio à criança.


• Se o seu filho/a sente muito a sua falta, escolha um objecto especial, que ela pode trazer para a escola. Por vezes ajuda com a transição se as crianças podem levar uma recordação da casa - uma imagem da mãe, uma nota, um lenço, ou outro objecto especial para recordar-lhes que os pais o têm em mente. Incentive a criança para mostrar o objecto ao professor/a. Faça um acordo para com o professor como esse objecto pode ser utilizado durante o dia de aulas.


• Se o seu filho/a diz, "Eu não quero ir", é muitas vezes vantajoso lembrar-lhe acerca das coisas divertidas. Pense em algo que saiba que o seu filho gosta de fazer, ou gosta na escola. Veja se pode começar a fazer tal actividade junto com a criança. Recorde a criança de todos os novos ou velhos amigos na sua classe. Se você não leva o seu filho à escola, sugira que ele/a faça algumas destas actividades quando chegar à escola, e enviar uma nota para o professor sobre as suas preocupações. Mas mais uma vez, não descarte os medos da criança, em vez, valide-os e tome a sua ansiedade a sério, pois terá de dizer á criança que ela terá que enfrentar alguns dos seus medos, mas que a criança tenha em conta que estará lá sempre para ela. Pensamento positivo em demasia e não aceitar os seus medos faz com que a criança se torne emocionalmente invisível, criando mais ansiedade e tristeza na criança, por não se sentir emocionalmente compreendida.


• Não fique surpreendido se o seu filho/a vier triste no final do dia: as crianças muitas vezes necessitam de saber e sentir que os pais estarão lá para elas - fora da patologia, na "normalidade", é normal que as crianças se sintam mais seguras em trazerem as suas frustrações para casa. É bastante saudável que as crianças tragam tais receios e ansiedades para serem lidadas em casa com os pais, para assim as dinâmicas familiares irem evoluindo tal como as propriedades emergentes psicológicas da criança no elo familiar.


• Se encontrar problemas frequentes de ajustamento, tanto cognitivos como sociais, pedir auxilio á escola. Se a separação permanece ansiosa após algumas semanas, configurar uma reunião com o professor/a de seu filho/a e/ou com o director da escola para falar sobre melhores maneiras em que todos podem colaborar sistematicamente e em sincronização. Se possível, uma reunião sem a criança, e depois, agendar uma reunião com a criança, pois a criança sabe de certa maneira onde estão os seus medos, e que assim possa ser feito um plano de suporte emocional à criança.

 

• Participe nos eventos da escola. Vá a reuniões. Estes acontecimentos dão-lhe a oportunidade de ver o mundo funcional, tanto cognitivo como emocional, do seu filho fora de casa, e encontrar e conhecer pessoas responsáveis (assim como outros pais) com que possa partilhar ideias e experiencias.

A chave aqui é separar os seus próprios sentimentos sobre a escola desde a sua infância, para que os seus filhos possam ter um novo começo. Você como pai poderá ter tido uma experiência horrível (o que pode fazer com que se preocupe demasiado com a criança) ou uma experiência maravilhosa (que poderá fazer os pais insensíveis aos sentimentos dos seus filhos e não reconhecerem que eles podem estar a passar por um mau bocado. É por isso que pensar-se e separar-se da sua própria experiência para com a da criança é extremamente importante!

Patricia Tadeia: Como é que os pais devem lidar com esta “independência” da criança?


Miguel Mealha: Penso que esta pergunta em grande medida já foi respondida na pergunta anterior. O mais importante é que a criança tenha em mente que os pais e professores a têm em consideração e estarão lá para ela, tanto para a ela, tal como, sem humilhação e punição a ajudarem a ajustar-se às regras básicas do funcionamento social e do aprender a estabelecer relações de qualidade.

 

Leia o texto na integra siga o link. https://www.facebook.com/consultoriodacrianca.familia


Dr. Miguel Mealha Estrada,
Consultório da Criança & Família,
No
Gabinete de Observação Médico Pediátrica, Lda.
Largo Luzia Maria Martins, 1-C, esc. 2
1600-825, Lisboa
Tel.: 217260970
TM: 917502234
www.pedopsicoterapia.com

Membro da AP, Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica
Membro da International Neuropsychoanalysis Society
Membro do Concelho Científico Do Portal de Saúde Mental, Família e Medicina

 

 

Comentário: O Dr Miguel Mealha é um colaborador regular na Prevenção das Dependências, nesse sentido, aproveito para expressar os meus agradecimentos pela sua participação. 

 

Menos Medicação

Menos Medicação - Mais Amor, Menos Doença: A Esperança da Criança.

 

“Um infinito ardor

Quase triste os veste,

Semelhante ao sabor

Quen tem à noite o vento leste.

Bailam na doçura amarga

Da tarde brilhante e densa

Tem a morte em si suspensa.”  Sophia de Mello B. Andressen

 

 

Foi numa manhã fria, com a neve que rodeava o hospital, fazendo das suas paredes brancas a continuação do nada que se sentia lá fora. Logo de manhã, no hospital de pedopsiquiatria estava a equipa à espera das novas listas de pacientes, sem os conhecermos demos-lhe um rumo. A Maria pertence ao sector da Via Emocional, o Pedro ao sector da Via de Condutas de Comportamento e a João à Via do Neurodesenvolvimento.

Foi-me entregue o João, aquele que eu vou delinear um rumo, mas que não escolheu o seu destino e nunca cheguei a ver a sua cara. No relatório clínico especifica que é muito activo, com problemas de concentração e hostil para com os seus colegas. Parece mais um caso a juntar a muitos outros. Mas quem é ele? Como será a sua cara? Qual è a sua história que nem ele provavelmente pode fazer senso de sonhos perdidos, idealizações que cairam aos pés dele como areia que se escapa por entre os dedos, como foi forçado a não amar aquilo que sente?

Tais questões não são práticas, só possuímos cinco a sete minutos para decidir o que vai acontecer ao João, como, possivelmente, o iremos tratar e uma agenda de 20 minutos para escolher a medicação certa, diz então assim o Pedopsiquiatra.

 

Decidi ir à escola do João, que tem cinco anos de idade. Falei com a professora e ela disse-me que realmente algo se passa de errado com ele pois é quase ímpossivel de o ter na aula, distrai os alunos, e sai do seu lugar constantemente, distraindo assim, os colegas e é muito difícil de controlar. Agradeci-lhe o seu tempo e pedi para ver o João.

 

Apresentei-me ao João e perguntei-lhe se queria brincar por um bocado. Ele perguntou-me “Brincar? Porquê?” eu respondi-lhe que era para o conhecer melhor. Não houve resposta.  Gostaria de acrescentar que uma criança que não tem prazer em brincar, e que por espontaneidade vontade, não sente o benefício do que é fazer um elo/vínculo para com outra pessoa que manifesta interesse em si, essa criança perde a sua essência.

 

 

 

É tudo urgente?

Se é tudo urgente, qual o tempo disponível que dispomos para relaxar, divertir e recuperar as energias positivas? Qual é o modelo de gestão que adoptamos que nos permite usufruir da companhia da família (momentos de intimidade), incluindo os filhos, dos amigos, lazer? Sorrir, conviver com a família e filhos, amigos, ter um sono reparador, ir ao cinema, dar um passeio, alimentação diversificada e saudável, exercício físico.
Hoje o stress é um assunto actual e em destaque, nem é preciso pensar muito sobre isso, basta ligar a televisão e ou comprar o jornal e ficamos em stress, por exemplo o desemprego aumenta, o aumento dos impostos, dos preços das coisas essenciais, da incompetência de alguns políticos dos quais depositamos a confiança para a gestão do país, da falta de oportunidade de realização das ambições pessoais, das dívidas etc.
 Não ter tempo para nada, segundo as nossas expectativas, gera stress. Facilmente, caímos na armadilha de andar a lamentar (queixas) e descontentes pela falta de tempo, do emprego que não satisfaz, do carro, da 2ª feira, do ordenado, da conta bancária, do corpo, do patrão, dos colegas, da crise, da mulher/marido, dos filhos, da conta bancária, da chuva/sol, mas quando estamos de fim-de-semana e ou de férias queixamo-nos porque não temos nada para fazer.
Stress e as Relações. Se é TUDO urgente quando é que estamos disponíveis para amar e ser amados? Sim, porque sendo assim, tudo urgente, um dia até podemos estar disponíveis para amar, mas a/a nossa/o parceiro/a pode não estar porque para ele/a, naquela altura, é TUDO urgente. Adquirimos o sentimento de que somos mal amados. Qual o timming para amar numa relação entre duas pessoas, quando tudo à volta é urgente?