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Prevenção das Dependências - Art of Counseling

Prevenção significa: Prevenir, Adiar e Reduzir o abuso de substâncias psicoactivas geradoras dependência crónica, progressiva e fatal.

Prevenção das Dependências - Art of Counseling

Prevenção significa: Prevenir, Adiar e Reduzir o abuso de substâncias psicoactivas geradoras dependência crónica, progressiva e fatal.

Menos Medicação

Menos Medicação - Mais Amor, Menos Doença: A Esperança da Criança.

 

“Um infinito ardor

Quase triste os veste,

Semelhante ao sabor

Quen tem à noite o vento leste.

Bailam na doçura amarga

Da tarde brilhante e densa

Tem a morte em si suspensa.”  Sophia de Mello B. Andressen

 

 

Foi numa manhã fria, com a neve que rodeava o hospital, fazendo das suas paredes brancas a continuação do nada que se sentia lá fora. Logo de manhã, no hospital de pedopsiquiatria estava a equipa à espera das novas listas de pacientes, sem os conhecermos demos-lhe um rumo. A Maria pertence ao sector da Via Emocional, o Pedro ao sector da Via de Condutas de Comportamento e a João à Via do Neurodesenvolvimento.

Foi-me entregue o João, aquele que eu vou delinear um rumo, mas que não escolheu o seu destino e nunca cheguei a ver a sua cara. No relatório clínico especifica que é muito activo, com problemas de concentração e hostil para com os seus colegas. Parece mais um caso a juntar a muitos outros. Mas quem é ele? Como será a sua cara? Qual è a sua história que nem ele provavelmente pode fazer senso de sonhos perdidos, idealizações que cairam aos pés dele como areia que se escapa por entre os dedos, como foi forçado a não amar aquilo que sente?

Tais questões não são práticas, só possuímos cinco a sete minutos para decidir o que vai acontecer ao João, como, possivelmente, o iremos tratar e uma agenda de 20 minutos para escolher a medicação certa, diz então assim o Pedopsiquiatra.

 

Decidi ir à escola do João, que tem cinco anos de idade. Falei com a professora e ela disse-me que realmente algo se passa de errado com ele pois é quase ímpossivel de o ter na aula, distrai os alunos, e sai do seu lugar constantemente, distraindo assim, os colegas e é muito difícil de controlar. Agradeci-lhe o seu tempo e pedi para ver o João.

 

Apresentei-me ao João e perguntei-lhe se queria brincar por um bocado. Ele perguntou-me “Brincar? Porquê?” eu respondi-lhe que era para o conhecer melhor. Não houve resposta.  Gostaria de acrescentar que uma criança que não tem prazer em brincar, e que por espontaneidade vontade, não sente o benefício do que é fazer um elo/vínculo para com outra pessoa que manifesta interesse em si, essa criança perde a sua essência.

 

 

 

As competências mais significativas contras as drogas aprendem-se em casa

Sabia que os pais que falam com os filhos sobre as drogas, sabem o que se passa com os filhos e com quem eles se relacionam reduzem as possibilidades de consumirem drogas (Biglan e colegas, 2004)?

 

Devido às vidas atarefadas, alguns pais, infelizmente, não reconhecem a influência que exercem sobre a vida dos filhos. Como pais, conseguimos fazer a diferença entre aquilo que os nossos filhos pensam e fazem em relação às drogas. Conseguimos, facilmente, estabelecer comunicação com eles, sobre medidas que sirvam para prevenir e/ou adiar o consumo, e, caso se verifique necessário, através de factos concretos, elaborar um plano de acção quando eles estão envolvidos no consumo e/ou consumo problemático (abuso) de drogas.

Um estilo parental altruísta, dinâmico, carismático é suficiente para tratar, gerir e orientar o tema das drogas e o álcool na família. Sabemos que não é fácil, mas assumir um papel activo e assertivo, em vez de agressivo, manipulador ou passivo poderá fazer toda a diferença na vida dos nossos filhos.

 

No dia-a-dia, utilizamos drogas, tal como acontece com a alimentação, que modificam a maneira de pensar, sentir e agir. Podemos incluir, nesta lista, as drogas utilizadas para fins medicinais e terapêuticos, o álcool, o tabaco e a cafeína. Pertencemos a uma cultura que consome drogas, lícitas, incluindo o álcool e o tabaco, e as ilícitas. No entanto, existe uma preocupação, generalizada pela sociedade, quanto ao fenómeno das drogas ilegais (trafico, consumo, dependência), todavia, acaba por ser irónico, visto que, as drogas que provocam mais danos e representam um risco serio para os jovens são as drogas legais, tais como o álcool, o tabaco e a utilização indevida de medicamentos sujeitos a receita médica. Ao constatarmos esta realidade, sabemos que o processo de desenvolvimento dos jovens consiste em experimentar coisas diferentes e testar os limites e algumas regras impostos pela família, escola, comunidade e sociedade. Tal como aconteceu com os pais durante a sua adolescência, nesse sentido, não nos surpreendemos, se alguns jovens consumirem drogas ilegais. Felizmente, a maioria destes jovens não continuam o consumo regular e a maioria não desenvolve problemas sérios associados às drogas (por ex. dependência). Será mais realista pensar que os jovens permanecem curiosos sobre o efeito das drogas, sejam legais e/ou ilegais, ao invés de negar esse possibilidade.

 

Como pais, uma das preocupações é descobrir, que um dia, os nossos filhos usam drogas. A primeira reacção pode ser de choque, raiva, culpa, negação e procurar um/a culpado, “Como é possível isto estar a acontecer?! O que andas a fazer à tua vida?” Embora seja normal, este tipo de reacções, também precisamos de pensar e assumir um papel, activo e positivo, no apoio, aos nossos filhos, nos períodos de crise e adversidade, isto é, pode ser drogas como pode ser outro problema qualquer. O problema associado às drogas, é daqueles cenários catastróficos que nunca pensamos possível vir a acontecer. Acreditamos que o problema das drogas, legais e ou ilegais, só acontecem aos outros, às famílias carenciadas e sem recursos, desestruturadas, até ao dia que acordamos para a realidade (pesadelo). Alguns pais pensam “O que é que fiz de errado para isto estar a acontecer?”

 

Numa situação desta natureza complexa, como pais, é importante ter bem presente e em mente uma ligação privilegiada na comunicação (canal aberto) com os nossos filhos. Será através deste “canal aberto” que iremos manter activo o vínculo que proporcionamos no apoio que considerarmos necessário. Apesar de tudo, somos a referência e representamos o apoio necessário para eles se desenvolverem.

 

 

 

Visitantes do Prevenção das Dependências (Cidades)

Durante mês de Junho os visitantes do Prevenção das Dependências (Top 10 Cidades portuguesas).

 

Lisboa (mais visitantes)

 

Porto 

 

Setubal 

 

Aveiro

 

Viseu

 

Faro

 

Santarém

 

Coimbra

 

Braga

 

10º Açores (menos visitantes)

 

Ao analisar estes dados constato, com agrado, que a Prevenção das Dependencias está presente de Norte (Braga) ao Sul (Faro) do país, pelo interior (Viseu) e ilhas (Açores). Continuem a visitar e a participar com comentarios e mensagens. Caso esteja interessado/a adira, à Prevenção das Dependencias, também presente no Facebook.com/joaoalexx. Bem haja

Dados sobre Pessoas e as Drogas

No mês de Junho  de 2011 foi publicado o Relatório Mundial sobre as Drogas 2011 (World Drugs Report) pelo Secretário-geral das Nações Unidas, o sr. Ban Ki-moon. Aproveito para adicionar também alguns dados do Observatório Europeu das Drogas e Toxicodependência (OEDT), do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) e noticias veiculadas pela comunicação social durante este periodo.

 

Dados:

“Portugal apresenta os níveis mais altos de Sida entre os dependentes e indivíduos que apresentam uso problemático (abuso) de substâncias psicoactivas.”

 

“Em termos legais comemora-se 10 anos que se descriminaliza o consumo de drogas em Portugal.”

Em 17 de Junho fez 40 anos que o Presidente dos EUA, Richard Nixon, declarou guerra às drogas. A seguir outros países adoptaram a mesma estratégia. [i]

 

 

“A descriminalização não aumentou o consumo, MAS Portugal ainda está à frente no uso problemático (Abuso) de estupefacientes.”

 

“As pessoas dependentes de substâncias psicoactivas não devem ser descriminadas. Devem receber tratamento e ser acompanhados por pessoal médico especializado e conselheiros. A adicção às drogas é uma doença, não é crime.” Secretário-Geral das Nações Unidas, Sr. Ban Ki-moon

 

“A produção e abuso de medicamentos opiáceos e novas drogas continuam em escalada.”

 

“A utilização de medicação, sem prescrição médica, é um problema crescente em alguns países.” [ii]

 

 

“210 Milhões de pessoas em todo o Mundo, significa 48% da população entre os 15 e os 64 anos de idade consumiu drogas em 2010.”

 

“O consumo de cocaína duplicou na Europa movimentando valores que se estimam entre os 30 Mil Milhões de Dólares.”

 

Segundo o director executivo da agência das Nações Unidas para as Drogas e Criminalidade reconhece progressos, MAS afirma que há mais a fazer para promover comportamentos saudáveis.

 

“210 Mil pessoas morrem todos os anos devido às drogas.”

 

“O Relatório Mundial das Drogas (2009) estima que existam 38 milhões de pessoas que abusam (uso problemático) de drogas, somente 4,9 milhões têm acesso a tratamento/apoio médico. “

 

Segundo o Sr. Wolgang Gotz, director do Observatório Europeu das Drogas e Toxicodependência (OEDT) refere que as estatísticas revelam que um em cada três jovens europeus já experimentou uma droga ilegal e que os jovens se deparam com um número cada vez maior de substâncias psicoactivas.

 

“O OEDT estima que entre 2% e 2,5% dos jovens adultos consomem cannabis diariamente ou quase diariamente, em especial o sexo masculino. Esta percentagem representa uma grande população em risco e realça a necessidade de compreender melhor as necessidades deste grupo em termos de serviços.”

 

Estimativas do OEDT do consumo de drogas na Europa, em 2009

 

“Cannabis: prevalência do consumo ao longo da via pelo menos 74 milhões (22% dos adultos europeus). Consumo no último ano: 22,5 milhões de adultos europeus. Consumo no último mês: 12 milhões de europeus.”

 

“Cocaína: prevalência do consumo ao longo da vida pelo menos 13 milhões (3,9% dos adultos europeus). Consumo no último ano: 4 milhões de adultos europeus. Consumo no último mês: 1,5 milhões. “

 

“Ecstasy: prevalência do consumo ao longo da vida pelo menos 10 milhões (3,1% dos adultos europeus). Consumo no último ano: 2,5 milhões. Consumo no último mês: menos de 1 milhão”

 

“Anfetaminas: prevalência do consumo ao longo da vida pelo menos 12 milhões (3,5%dos adultos europeus). Consumo no último ano: 2 milhões. Consumo no último mês: 1 milhão”

 

“Opiáceos: Consumidores problemáticos (abuso) estimados em 1,2 e 1,5 milhões de europeus. As mortes induzidas pela droga correspondiam a 4% das mortes de europeus entre os 15 e os 39 anos de idade, tendo sido encontrados opiáceos em cerca de 3 quartos dos casos. Droga principal em mais de 50% do total de pedidos de tratamento para toxicodependentes. Cerca de 650 000 consumidores de opiáceos receberam tratamento de substituição em 2007.”

 

                                                                                                       «»

 

“Entre os jovens, o consumo de múltiplas substâncias pode aumentar o risco de problemas agudos e prenuncia o desenvolvimento posterior de um hábito de consumo crónico de droga. Entre os consumidores de droga regulares e mais velhos, o policonsumo[iii] é um dos principais factores contribuintes para a overdose de droga, além de dificultar o tratamento da toxicodependência e  estar associado à violência e à violação da lei.”

“As drogas ao dispor dos europeus são cada vez mais diversificadas, por exemplo, a inovação na produção de drogas sintéticas e as crescentes preocupações suscitadas pelo abuso de medicamentos sujeitos a receita médica. Além disso, tem-se constatado que um elemento definidor do problema do consumo de substâncias europeu é o uso concomitante de álcool, que pode ser observado em TODAS as faixas etárias.”

 

“Entre a população escolar, os dados mais recentes revelam uma forte associação entre o consumo excessivo esporádico de álcool e o consumo de droga. Esse consumo excessivo esporádico também está frequentemente ligado ao consumo recreativo de drogas, aumentando risco de consequências negativas entre os jovens adultos.”

 

“Segundo um relatório do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) revela que entre 2001 (ano da implementação da lei da descriminalização) e 2007 o consumo de estupefacientes registou, em termos absolutos, uma subida de 66%. Nesse período houve um aumento de 215% no consumo de cocaína, 85% de ecstasy, 57,5 de heroína e 37% de cannabis. Desde 2001 houve um aumento de 50% no consumo de drogas, entre os jovens com idades os 20 e os 24 anos. Por outro lado, o número de pessoas que experimentou drogas ilícitas, pelo menos uma vez, subiu 7,8% em 2001 e 12% em 2007.”

 

“Desde a descriminalização (2001) o número de homicídios relacionados com drogas aumentou 40%. Portugal foi o único país europeu com um aumento significativo de homicídios relacionados com drogas entre 2001 e 2006” (Nações Unidas – World Drug Report Junho 2009)

“Mercado Mundial de Drogas Ilegais. Segundo estudo financiado pela Comissão Europeia, sobre o mercado de drogas ilegais, apresentado em 2009, estima que as vendas atinjam mais de 100 Mil Milhões de Euros.”

 

"A descriminalização não interfere decisivamente nos consumos de drogas das populações, nem nos problemas colocados à sociedade portuguesa pelos usos e em especial pelos abusos de drogas” Professor Jorge Quintas.

 

“Segundo o Presidente do IDT estão em tratamento 40 mil pessoas e em estruturas de redução de danos cerca de 15 mil. O fenómeno da toxicodependência está a diminuir, mas isso não significa que o consumo de drogas esteja a decrescer. São dois fenómenos distintos.”  Entrevista ao Correio da Manhã

 

“Existe um aumento do número de jovens entre os 13 e os 18 anos que já experimentaram LSD, sendo que a maior subida regista-se no grupo etário dos 16 anos, segundo um inquérito preliminar. Em relação a outras drogas, verifica-se uma subida nas experiencias com anfetaminas e com cocaína entre os jovens com 15 e 16 anos e uma descida no consumo de cannabis entre os jovens dos 13 anos 15 anos.” Notícia da TSF

 

Comentário:

Na sociedade portuguesa, incluindo os órgãos de comunicação social, ainda se caracteriza e define as substancias psicoactivas em duas categorias: As drogas leves e as drogas duras, este caracterização as referidas substâncias contribui para o preconceito e o mito. Esta terminologia não se aplica em termos médicos. O Observatório Europeu das Drogas e Toxicodependência define as substâncias em quatro categorias: 1. Cannabis 2. Anfetaminas, Ecstasy e substancias alucinogénicas 3. Cocaína, cocaína e crack e 4. Consumo de opiáceos e drogas injectada.

 

Não acredito que a sociedade portuguesa (políticos, tribunais, médicos, investigação e comunicação social, etc.) possua a maturidade suficiente para aderir à legalização da cannabis. Não basta legalizar, é preciso informar, devidamente, o publico em geral das especificidades desta substancia psicoactiva e as suas consequências. O problema não é as drogas, são as pessoas.

 

Infelizmente, nestes dados, não consta uma estimativa sobre o número de famílias, incluindo as crianças, afectadas pela Toxicodependência. A família aparenta ser negligenciada visto existir estruturas de apoio aos indivíduos dependentes, mas para as respectivas às famílias, em muitos casos traumatizadas, não. Será que isso significa que a Família não está envolvida no processo de tratamento? Segundo revelam alguns estudos, nos EUA e em Inglaterra, a família deve fazer parte activa do tratamento do dependente, contribuindo assim, para o sucesso da recuperação.

 

Infelizmente, nestes dados não consta as despesas para o Estado na área da saúde. Seria significativo, o publico em geral, tomar conhecimento sobre o montante aproximado dos gastos. Acrescento, as despesas de tribunais (problemas legais), e problemas de saúde (por exemplo, HIV/SIDA, Hepatite C), problemas no trabalho (por exemplo, o absentismo, acidentes de trabalho e problemas nas equipas).

 

Também não é publico as despesas sobre a Luta Contra as Drogas. Segundo alguns peritos internacionais afirmam, e corroboro essa afirmação, que a Luta Contra a Droga, nos moldes em que é definida a sua estratégia, é uma guerra contra fantasmas e sem sucesso. Isto é, continua-se a gastar milhares de euros sem que o resultado desse investimento tenha retorno concreto e satisfatório.

 

Considero que da mesma maneira, que as drogas ilegais, as drogas legais merecem destaque, refiro-me ao abuso (uso problemático) do álcool e ao alcoolismo, em especial aos jovens adultos e em geral aos adultos, famílias, incluindo as crianças, problemas de saúde (hepatites, Cirroses, SIDA/HIV), problemas legais, problemas no trabalho (absentismo). Neste sentido, o numero de indivíduos afectados pelo abuso do alcool e/ou alcoolismo, incluindo as suas famílias e crianças na nossa sociedade é um fenómeno negligenciado e negado visto não existirem dados. Convido o leitor a visitar o site Directório do Álcool. Acompanho este site desde a sua inauguração e constato que, o seu conteúdo muito aquém daquilo que é esperado, por exemplo, em termos informativos na área da investigação e estatísticas, afirma estar “funcionalidade em desenvolvimento”. Como é possível, se o alcoolismo é um problema de saúde pública? http://www.directorioalcool.com.pt/Paginas/HomePage.aspx

 

 

Podemos também acrescentar a utilização de medicação, sem prescrição médica (auto medicação), capaz de gerar dependência crónica (por exemplo, as benzodiazepinas; tranquilizantes, sedativos) problemas de saúde e problemas no trabalho (absentismo). Mais uma vez, não existem dados públicos sobre este flagelo.

 

Para terminar, gostaria de acrescentar uma questão que afecta principalmente as drogas ilícitas refiro-me às drogas adulteradas. Isto é, a maior parte das drogas comercializadas e consumida, nas ruas, são adicionadas outras substâncias desconhecidas e possivelmente tóxicas.

E os dados sobre o consumo de nicotina? Apesar das medidas restritivas e existirem centros de saúde que disponibilizam apoio à interrupção dos hábitos tabágicos, que visam alertar sobre o perigo em fumar, pouco se sabe sobre o trabalho desenvolvido na dependência, assim como os seus resultados.

 

Mais Vale Prevenir Do Que Remediar e

 

Recuperar das Dependencias visite o blogue http://recuperardasdependencias.blogs.sapo.pt

 



[i] Guerra às Drogas Ilegais parece uma batalha perdida e contra fantasmas. Gastam-se, todos os anos, triliões de dólares sem que o resultado desejado seja alcançado, porque a oferta continua a supera a procura. A Industria milionária e poderosa das drogas e os seus parceiros conseguem corromper pessoas, instituições e países (por exemplo o caso mais mediático México, Colômbia, Afeganistão).

 

[ii] Em Portugal não existem relatórios (investigação) sobre a utilização da medicação sem prescrição médica (auto medicação) capaz de gerar dependência crónica. Este flagelo aparenta atingir níveis preocupantes e galopantes visto não ser monitorizado e/ou avaliado pelas autoridades competentes.

 

[iii] Policonsumo de substancias psicoactivas ilícitas e/ou licitas – Refere-se ao consumo de mais do que uma droga ou tipo de droga pelo mesmo individuo – consumo simultâneo ou sequencial (definido no léxico da Organização Mundial de Saúde – OMS) Por exemplo, um indivíduo pode consumir, abusar (consumo problemático) e ficar dependente (Adicção) à Heroína, Álcool e Tranquilizantes (Benzodiazepinas) ou Cocaína, Tranquilizantes (Benzodiazepinas) e Álcool. Objectivo do indivíduo em relação ao Policonsumo passa por potenciar e/ou regularizar (controlar) o efeito das substâncias ingeridas a fim de obter o efeito desejado (auto medicação).

 

 

 

 

 

As Festas de Verão e a Publicidade Agressiva da Industria do Alcool

 

 

É recorrente o fenómeno da publicidade e do marketing agressivo em relação ao apelo do consumo das bebidas alcoólicas, da indústria do alcool, entre o mês de Abril e Setembro assumir dimensões desproporcionadas em “palcos sociais” onde destaco a Queima das Fitas, os Santos Populares e os festivais de música. Estes “palcos” movimentam, por ano, dezenas de milhares de pessoas, na sua grande maioria, adolescentes e jovens adultos e são uma fonte de receita (lucro) apetecível.  

 

 

São meses de festa e divertimento onde o álcool é encarado como um excelente “lubrificante” na gestão e expressão das ideias e das emoções. Todavia, uma parte significativa e “escondida” está relacionada com o abuso do álcool e de outras substancias psicoactivas licitas e/ou ilícitas, o alcoolismo, com a violência  (Ex.  bullying), os acidentes, binge drinking, a gravidez indesejada, condução sob o efeito do álcool e/ou outras drogas, intoxicação alcoólica.

 

 

Uma notícia no JN do dia 10 de Junho de 2011 despertou a minha atenção. Em letras garrafais referia o seguinte “Arraiais contaminados pela febre das cervejas. Lisboa, marcas estão em todo em toda a parte, nas paredes, eléctricos e quiosques. 

 

Desde 2007 altura em que iniciei o blogue, em particular, um dos temas em destaque, na Prevenção das Dependências, são os adolescentes e jovens adultos, e a forma como a Industria poderosa e milionária do Álcool e os seus parceiros influenciam o fenómeno do abuso do álcool e do alcoolismo, através da excessiva publicidade e do marketing agressivo, na nossa sociedade, já de si extremamente afectada pelo alcoolismo, desde há dezenas de anos (cultura que bebe), e que tem permanecido activo e intocável ao longo das gerações. Isto é, o álcool (substancia psicoactiva, depressora do sistema nervoso central – droga licita) e o alcoolismo (doença referida no DSM - Manual de Diagnostico e Estatísticas das Perturbações Mentais e no CID - Classificação Internacional de Doenças) são fenómenos ignorados e negligenciados ainda em Portugal, a nível da saúde, da prevenção, da vontade dos políticos, da legislação e das consequências sociais (ex. violência domestica, acidentes sob o efeito do álcool, o consumo e abuso de bebidas alcoólicos por menores de idade, a prevenção, o tratamento).

 

Algumas afirmações reveladoras e preocupantes sobre a negligência e a negação do fenómeno na noticia do JN:

 

“Em vez dos enfeites de papel, balões, santos antoninos e manjericos nos bairros históricos de Lisboa, em contagem decrescente para as festas, há anúncios a cervejas. É uma espécie de “vírus” que tomou a cidade.”  Presidente da Junta de Freguesia da Sé.

 

 

 

 

Sensibilizar, Alertar e Intervir por Ana Neves

 

Durante dez meses vivi um grande desafio e uma grande aventura. Estou no último ano do curso de Animador Sociocultural, desenvolvi um projecto final de curso ao qual dei nome “De Que È Que Dependes?”.

 

Este projecto enquadra-se no tema das dependências químicas e não químicas (uso excessivo de álcool ou drogas e uso excessivo das novas tecnologias), quis trabalhar junto de duas turmas da minha escola, alunos do 1.º ano/10.º ano com idades compreendidas entre os 14 e os 25 anos, de forma a sensibilizá-los e preveni-los para esta problemática social que tanto afecta os jovens de hoje.

 

            Escolhi a temática das dependências por considerar ser um assunto interessante e que gostaria de abordar de um modo mais aprofundado. O facto de ser um problema social que atinge as camadas da população mais jovem e as futuras gerações, devemos adoptar medidas mais práticas e que mostrem realmente as consequências do uso das dependências químicas e não químicas (uso excessivo de álcool e drogas e uso excessivo das novas tecnologias). Gostava, assim, de intervir nesta problemática através da Animação.

 

            Acima de tudo quis arriscar. Porque não intervir, como Animadora, num problema social dos dias de hoje? Se um Animador é como um interveniente, porque não? Para mim, a Animação consegue minimizar ou até mesmo resolver uma necessidade, neste caso, alertar para os comportamentos de risco na juventude.

 

           

 

À deriva na ambivalência (crise)

 

A Prevenção das Dependências procura ampliar a sua acção na divulgação, na informação, no apoio junto do maior numero possível de pessoas e instituições de forma a sensibilizar para a importância da Prevenção das Dependências e na luta contra o estigma, a negação e a vergonha. Desta vez, publiquei um artigo no Portal de Educação (Educare.pt) com o titulo "À deriva na ambivalência (crise)".

Acredito que os nossos jovens (portugueses) necessitem de alargar os seus horizontes e competências individuais e sociais (valores morais e espirituais) e explorar conceitos como o Propósito, o Sentido e o Significado do Rumo das suas vidas, desde o seu nascimento e ao longo do seu desenvolvimento, com o apoio dos pais, família, grupo de pares, da escola e da comunidade. Ao contrario do que vem acontecendo ao longo das  ultimas décadas, onde o consumismo, o materialismo, o ego frenético através do individualismo, assume um papel preponderante na cultura portuguesa e no mundo, um óptimo exemplo é a crise social que actualmente afecta milhares de familias.
Neste preciso momento, enquanto você lê este post, algumas pessoas, incluindo as crianças, estão a sofrer com a perda de qualidade de vida.
 Siga o link. Procure na rubrica designada por A PALAVRA A...  "À deriva na ambivalência (Crise)" e faça o seu comentário.



http://www.educare.pt/educare/Opiniao.Artigo.aspx?contentid=90393CD55894F36DE0400A0AB8001D4D&channelid=90393CD55894F36DE0400A0AB8001D4D&schemaid=&opsel=2


Os meus sinceros agradecimentos à equipa coordenadora do EDUCARE.pt pela sua total disponibilidade em apoiar a Prevenção das Dependencias junto de pessoas e insituições, através do seu site. As crianças são um tesouro demasiado valioso para ser negligênciado.

 

Uma Vida Desperdiçada É Demasiado

 

Sabemos há imenso tempo que os jovens portugueses, tal como a maioria dos jovens de outros países europeus, revelam uma predisposição e uma vulnerabilidade acentuada quanto ao fenómeno do consumo e abuso de bebidas alcoólicas (Binge Drinking – Consumir bebidas alcoólicas com o intuito de ficar intoxicado/embriagado), com idades entre os 13 e os 18 anos.

 

Sabemos das consequências para a saúde física e mental, assim como familiar e social.

 

Creio que em menor escala, mas paralelamente, emerge outro fenómeno relacionado com o consumo e abuso de substancias psicoactivas, licitas e/ou ilícitas (drogas). Em Portugal, existe um número preocupante de jovens em risco, cuja tendência pode aumentar nos próximos anos.

 

Será o consumo e abuso de bebidas alcoólicas considerado ritual tolerado, de acordo com a nossa cultura, para a transição entre a adolescência e a idade adulta? Aceitamos este ritual, impotentes e sem respostas concretas e eficazes para abordar os perigos e riscos, deste fenómeno, na relação com os nossos filhos? Será que como pais, em particular e sociedade em geral, negligenciamos medidas urgentes e preventivas relacionadas com esta realidade? Em Portugal, quais as instituições que investigam este tipo de fenómeno e se preocupam em informar o publico em geral?

 

Dada a relevância e a evolução do fenómeno do Binge Drinking (consumir e abusar de bebidas alcoólicas com o intuito de ficar intoxicado/embriagado) entre os jovens é importante fazer esta pergunta. Quantas vidas perdidas são desperdiçadas e negligenciadas por causa do álcool?

 

 

 

 

Seremos adultos com competências para aplicar a justiça aos nossos filhos?

Durante um programa televisivo uma história interessante  passada em Portugal, atraiu a minha atenção. Felizmente que esta historia teve um desfecho feliz para a adolescente e para os pais dela.

 

 

Todavia, tomei conhecimento da mesma história, antes de a peça passar na TV, através de um jornal diário. A notícia fazia referência a uma adolescente, de 13 anos, que foi dada como desaparecida de casa dos pais. Ninguém sabia dela. Deixou uma carta aos pais afirmando “ Saí de casa porque vou participar num concurso televisivo.”Não recordo, ao pormenor, o conteúdo da carta, mas pelo menos a intenção da adolescente na carta, era mesmo essa. Ao ler, imediatamente, pensei no pior dos cenários e no sofrimento dos pais. Felizmente, uns dias depois apareceu sã e salva. Todavia, esta adolescente apareceu com uma história para contar aos TODOS adultos, que são pais ou aqueles que façam intenção de o ser.

 

 

Assisti ao relato sobre esta história rocambolesca quando a adolescente, na presença dos pais, apareceu num programa de televisão. O apresentador do programa, perguntou-lhe “Diz-nos lá o que é que aconteceu para fugires de casa dos teus pais”. Segundo a adolescente, fugiu de casa, porque não suportava mais que os pais a sobrecarregassem de tarefas domésticas, de não ter tempo para estar com amigos/as, por estar sempre a trabalhar, a ser repreendida, pressionada e submissa, de substituir a mãe na educação de 3 irmãos, de ajudar o pai e durante a ausência da mãe era a adolescente que ocupava o seu lugar, com treze anos.

Procurei ouvir atentamente o relato da sua fuga. A adolescente pareceu-me ter um discurso coerente, honesto, realista, espontâneo e com a noção do certo e do errado. Esta criança, estava perante as câmaras, na companhia dos seus pais, a afirmar e admitindo que aquilo que tinha acabado de fazer estava errado, pareceu mostrar indícios de arrependimento, mas pareceu também mostrar revolta, indignação, frustração e maturidade.

 

 

 

Como gerir as emoções destrutivas, de uma forma construtiva?

 

 

Um grupo de crianças, com idades entre os 11 e 13 anos, participa num jogo de futebol no bairro. Fizeram duas equipas, como vai sendo habitual desde há 3 anos. Uma das equipas está em desvantagem em relação à equipa adversária quanto ao número de vitórias. Isto é, nos últimos dois encontros perdeu ambos os jogos. A meio do jogo, estavam empatados, o nível de competitividade tinha crescido de tal forma que duas crianças, de equipas diferentes, já se tinham envolvido numa troca de insultos. Mais tarde, num confronto em relação à posse de bola, um deles desequilibra-se e cai magoando-se. Sente-se frustrado, ergue-se de repente, e descarrega a sua raiva sobre o adversário, empurrando-o eliminando-o da jogada. Este sentiu-se ofendido e injustiçado pela agressão vira-se para o agressor e afirma “ Olha lá, isso é falta…estás a magoar-me…” O outro perde a postura e insulta-o verbalmente, empurra-o, e cospe-lhe na cara. De seguida gera-se uma grande confusão entre ambos. Graças à intervenção rápida dos colegas a contenda é interrompida e o jogo acaba, para grande desânimo de todos. Os restantes membros das equipas que não participaram no conflito estão desconfortáveis e responsabilizaram, os dois colegas “rufias”, visto não existir condições para continuar o jogo.

 

Este exemplo corriqueiro é frequentemente observado entre os jovens portugueses durante as suas interacções, há imensas gerações, todavia ilustra a forma como as emoções destrutivas, do indivíduo, podem influenciar negativamente os valores morais do grupo. Estamos habituados a assistir a este tipo de conflito, entre as crianças, e por norma, como adultos, até valorizamos esta conduta como uma parte da masculinidade (medir forças e status). Exemplos como este podem ser aproveitados para explorar as emoções desconfortáveis e estabelecer um paralelo entre as emoções e os valores sociais. Afinal temos regras sociais que se sobrepõem às emoções dolorosas.

 

Os valores sociais e as emoções

Como sabemos, os seres humanos são seres gregários, têm emoções e precisam de diferenciar quais são aquelas que apresentam mais riscos, na interacção com os outros, e aprender como geri-las. Por exemplo, sentir é raiva Ok, ao contrário daquilo que aprendemos ao longo da vida. Infelizmente, aprendemos a reprimir, a negar e a evitar o conflito. Entre sentir raiva e a “explosão” pode ir uma distância significava ou não. Gostaria de salientar que as emoções estão intimamente ligadas aos valores morais e é necessário, ajudar a criança a identificar e a gerir as suas emoções de uma forma mais construtiva e saudável. Este é um dos grandes desafios que os adultos encontram, na Prevenção das Dependências, ao longo do desenvolvimento da criança.