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Prevenção das Dependências - Art of Counseling

Prevenção significa: Prevenir, Adiar e Reduzir o abuso de substâncias psicoactivas geradoras dependência crónica, progressiva e fatal.

Prevenção das Dependências - Art of Counseling

Prevenção significa: Prevenir, Adiar e Reduzir o abuso de substâncias psicoactivas geradoras dependência crónica, progressiva e fatal.

Algumas Receitas Para Fazer do Vosso Filho Um Toxicodependente



Adaptação de texto de Stanislaw Tomkiewitz e Joe Finder in " Adaptar, marginalizar ou deixar crescer", pg. 103-113, A Regra do Jogo, Lisboa, 1980


1. Na vossa família não há cromossomas ou genes da Toxicodependência - até porque "isso só acontece aos outros!" Portanto há que meter mãos à obra o mais cedo possível. A destruição da alegria de viver pode começar antes da criança nascer – assim, concebam a criança sem a desejar. E durante a gravidez repitam, pelo menos cinco vezes ao dia, que a criança irá estragar a vossa vida, destruirá a harmonia conjugal, impedirá a ida à discoteca ou ao cinema, "Que chatice, desarruma a sala". " E as mamas, que horror, ficarão todas moles, amamentar nunca. E a barriga, as pernas, as estrias ... e a celulite!!!" Mas não se pense em aborto – primeiro porque é pecado!; depois porque, de qualquer maneira, ele será recusado!

2. Se não conseguires fazer isto, então fazei exactamente o contrário: desejai-o, desejai-o muito, só para vós, para que ele realize os vossos desejos, que compense todas as vossas frustrações, para que ele venha a ser aquilo que vocês não conseguiram ser. Mas, cuidado, mais tarde, quando ele já perceber, digam-lhe que ele não vale nada, mostrai-lhe a vossa decepção! Ele, que foi idealizado louro e de olhos verdes, afinal veio moreno e de olhos castanhos, tão vulgar que foi um erro esperar o seu nascimento com impaciência. Diga-lhe que ele não vale nada - que ele no futuro não valerá grande coisa!

3. Se a mãe começar a fraquejar e a querer o filho, aí o pai pode ser importante: ou maldiz repetidamente a sua sorte ou, melhor ainda, põe-se a milhas - assim o puto não terá a figura paterna de referência.

4. Se a vossa afectividade for demasiado equilibrada, esta preparação pré-natal não é fácil de conseguir. Não desespere, ainda vai a tempo.Conforme sabes, a criança tem uma necessidade imperiosa de segurança e contacto físico. Deixa-o gritar dia e noite! Para ele ter a certeza de que vocês não o amam, deixai-o sozinho no berço, fechai-o à chave no quarto. Ele vai gritar até não poder mais, julgará que foi abandonado (sensação que será bom que se repita muitas outras vezes), terá pesadelos, cólicas, doenças psicossomáticas.Mas quem tiver medo da reacção dos vizinhos, há ainda alternativas: nunca toquem na criança, a não ser para lhe assegurar o mínimo vital dos cuidados materiais. Sobretudo não a abracem, não a afaguem, não lhe falem com voz meiga, não lhe sorriam - nem ao domingo!

5. Se não forem capazes de respeitar estes conselhos, nem ser ou parecer indiferentes; se também não conseguirem sufocar, asfixiar a criança com o vosso amor excessivo e exclusivo, corres o risco de falhar na tarefa. Neste caso, entreguem-no a uma ama, mandem-no para um internato - com uma condição: mudem de ama de 2 em 2 meses ou de internato 2 vezes por ano, para ele nunca se ligar afectivamente a ninguém!

6. Entretanto o bébé cresceu. Se apesar de tudo ele ainda não é hipernervoso, agitado, um eterno insatisfeito, um descontente infeliz - aproveitem a aprendizagem da higiene física para recuperar o tempo perdido. Para ele aprender a pedir chichi e cócó há que meter-lhe medo e aterrorizá-lo, ameaçá-lo. Se não são capazes, ralhem-lhe e obriguem-no a limpar o chichi do chão, a cheirar o cócó. E, se por infelicidade, ele um dia pede que o ponham a fazer cócó, não o recompensem, nem com uma festinha, permanecei frios - e castigai-o de cada vez que mijar a cama! Se recusares os castigos corporais, basta permanecer silencioso, indiferente; calem-se, faça ou não faça chichi na cama ou nas cuecas. Não converse, nunca converse com o seu filho! Isto é óptimo! A criança fará cada vez mais asneiras para atrair a vossa atenção, para obter uma palavra ou mesmo uma palmada no rabo.E perante um chichi na cama que nunca mais acaba, pode recorrer à farmácia para comprar um "controlador de urina", daqueles que acordam a criança em sobressalto ao toque de uma campainha (modelo "comandos") ou de preferência daqueles que dão choques eléctricos (modelo "pide" ). Não esquecer ainda o recurso a alguns médicos, para o miúdo começar já a tomar medicamentos desnecessários!

7. Mais tarde, naquela fase em que os rapazinhos verdadeiramente se apaixonam pela mãe e as meninas pelo pai - não há nada melhor do que mostrar ciúme pela relação dos outros dois, e dizer à criança que é uma vergonha, um nojo, o modo como ela procura o colo do pai ou da mãe, é feio a menina querer estar na cama ao domingo de manhã a fazer miminhos ao pai. Isso nunca, na cama?! Essas "atitudes viciosas" deverão ser explicadas aos filhos – " é pecado!" É que poderão, por castigo de um Deus punitivo, ficar surdos, loucos, ou as duas coisas. E aos putos, o melhor é dizer-lhes que se continua a brincar com a pila terão que lha cortar - é garantido que, pelo menos, se arrisca a ficar ou impotente ou neurótico.

8. No caso das mães, deverão elas dizer aos filhos: " não prestas, és igual ao teu pai", ou "se soubesse que saías ao teu pai, melhor seria não teres nascido". Se for pai, dizer às filhas que "vais ser tão galdéria como a tua mãe" ou "não estudes não, se não acabas como a tua mãe, que não sabe nada de nada, só serve para fazer a comida e lavar a roupa – e mesmo assim, mal!"

9. Se for pai e tiver um emprego que o obrigue a estar períodos fora de casa (militar, pescador, viajante,...) é óptimo, sobretudo porque não tem que aturar os filhos. E quando estiver de folga, passe o menos tempo possível em casa. Saia, beba uns copos com os amigos "que a vida não é só trabalho!" E quando chegar a casa, de preferência com os copos, exerça a autoridade que não pode exercer no dia-a-dia: uns berros para se saber quem manda, umas palmadas na mulher para não dar à língua com as vizinhas, um bofetão no mais velho para ele aprender a não lhe tirar uns trocos da carteira; mas dê uma nota ao puto mais novo para ele comprar uns esticas ou uns gelados.

10. Nunca saia com os filhos! Fartos da rua já eles estão! Nunca vão ao Jardim Zoológico, ou ao oceanário! Não lhes dê oportunidade de eles aprenderem mais do que precisam! E "para ver papagaios basta a tia Alzira ", e "focas? - a tua mãe não chega? "

11. Quando muito leve-o ao futebol - mas com uma condição: para ele poder aprender a insultar o árbitro (sobretudo a mãe do árbitro). É a maneira mais fácil de se aprender a não respeitar qualquer autoridade, e a mais cómoda, porque não é fácil chamar nomes ao polícia, ao patrão ou ao professor do puto! E tem outra vantagem: um insulto da bancada é anónimo, não é responsável, é cobarde. E assim o puto também aprende a não ser responsável pelas afirmações que faz; aprende a dizer o que todos dizem e a não dizer o que ele próprio pensa.

12. A sociedade hoje valoriza o Êxito - o que é ter êxito? É ter muitas coisas! Entre ser e ter - o privilégio vai para o ter! Não importa como - o importante é ter! Carros, casas, roupas (de marca, claro) - ter até dívidas!Então o melhor é começar de pequenino. O quarto da criança deverá ser transformado numa loja de brinquedos (na competição com a vizinha do 3º direito, "a nossa filha tem mais! ") - todos os modelos da Barbie, das primas da Barbie, e do Ken! Pelo menos dez dinossauros diferentes; Heyman, Super-Homem, Super-Mulher, monstros e jogos de computador! Muitos, todos! Tudo! São só vantagens! A criança aprende a tudo ter, a tudo querer. Aprende a não lutar pelas coisas que lhe vão encher a vida - já tem o seu quarto cheio! Aprende a ter um sentido de posse que na escola e na vida se manifesta pelo individualismo e pela falta de espírito solidário. E depois, se passar uma tarde sozinho frente ao computador, naquele jogo repetitivo e sem criatividade nenhuma, ao menos não aprende coisas feias com os putos do bairro, não aprende a viver em grupo, porque "todos sabemos o que eles aprendem uns com os outros".E depois, pensando bem, é mais fácil comprar o amor dos nossos filhos do que perder tempo com eles. E sempre se pode dizer "sempre lhe dei tudo! nunca lhe faltou nada!"

13. A vida está difícil! É a crise! E faz algum mal sonhar? Não é mais fácil viver os problemas dos outros do que enfrentar os nossos? Ora digam lá: há falta de médicos de família nos Centros de Saúde, as escolas não têm ginásio, arranjar emprego "é que era bom" - mas afinal o Clinton e a Mónica? E o Príncipe Carlos sempre casa ou não com a Camila? O Santana Lopes faz as pazes com o João Baião? Há que consumir passivamente, sem saber interpretar as mensagens que a TV dá. Sobretudo habituar os putos a consumir TV.

14. Ah! É verdade! Estão proibidos de ir falar com os professores, ou directores de turma, de ir às reuniões da Associação de Pais! E muito menos de mostrar qualquer interesse pela evolução dos vossos filhos. Para isso há explicadores - paga-se e pronto! E depois a culpa até nem é nossa - os professores não ensinam, os explicadores não explicam, os putos não aprendem! E sempre se pode dizer: "Eu fiz tudo o que podia! Nunca lhe faltou nada! "

15. Importante é também preencher todo o tempo dos vossos filhos: entre a explicação de Física e a de Matemática tem a aula de bailado ("é pé de gesso, não gosta, mas a filha da D.Elisinha também é e lá anda!"); depois do treino da natação, "coitadinho está tão cansado que janta a dormir, levanta-se para ir para a cama ". Por favor, não lhe dêem tempo para pensar, para sonhar no que ele "quer ser quando for grande" - até porque os pais já decidiram que ele vai ser ou médico ou piloto da TAP - e se não for a culpa é dele, porque vocês fizeram tudo por ele.

16. Já maiorzitos, nunca lhes digam que eles são bonitos e bem feitos - que as borbulhas da cara são naturalmente o reflexo da puberdade que está aí. Acentuem os traços menos belos - o ser gordo, o ser lingrinhas, "tem as pernas tortas ", "é mamuda e de rabo grande, tal qual a Tia".

17. A comida - desde pequenino há que habituá-los a comer a quantidade que nós quisermos - "ele não tem querer!". Estareis realizados no dia em que ele afirmar, definitivamente, que não gosta de leite, que a sopa é comida de pobre - e o empanturrares de bolicaus, sorvetes, chupas e esticas. "Quando eu era pequenina", dizia uma senhora, "queria um chocolate e só o via de ano a ano, porque os meus pais não mo podiam dar - agora que posso, não há-de faltar nada ao meu filho!"

18. Diante do vosso filho sorriam às visitas - mas assim que elas saírem, fartai-vos de dizer mal delas, para os miúdos saberem o que é ser hipócrita.E se eles mentirem - castigos.E se eles perguntarem - silêncio, ou melhor, digam que as perguntas são idiotas!

19. Uma doença do filho, pode ser um bênção - não o animem. Exprimam as vossas inquietudes - e chamem um médico daqueles que não falam nem com os adultos. Para saber do médico o que se passa, saiam da sala para que o vosso filho compreenda que não tem nada que saber o que se passa com o seu próprio corpo. E ficará perfeitamente confundido - até pode acontecer que volte a fazer chichi na cama. Nesse caso, é obrigatório fazê-lo sentir desvalorizado, culpabilizado, amesquinhado.

20. Chega a adolescência! Sair com jovens do mesmo sexo - " parece maricas!" Sair com jovens do outro sexo - " Não! E a Sida? E as hepatites?" Masturba-se? Que hábito feio! E as doenças que isso causa? Além do mais é pecado! "Qualquer dia peço ao Dr. Álvaro que te mande internar na casa dos malucos!"

21. Outras receitas – muitas!- Faça de conta que não sabe que ele já começou a fumar uns cigarritos aos 9 anos – que diabo, há que ser tolerante!- Partiu a antena do carro do vizinho, roubou o emblema do carro da Professora de matemática, rebentou a pontapé as papeleiras lá ao pé de casa – "O que é que se há-de fazer? São as más companhias!"- Faça de conta que não sabe que o seu filho falta à escola e anda na vadiagem – e diga "não posso andar sempre atrás dele!"- E se um dia uma vizinha, cheia de boas intenções, lhe vier dizer que soube pelo filho dela que o seu filho já experimentou um " charrito" aos 11 anos – nada de conversas (isso nunca, em circunstância alguma!), uma boa carga de pancada ao mesmo tempo que lhe chama drogado, e no outro dia arraste-o consigo ao CAT, porque é lá que estão os "Doutores que tratam essas coisas, eu não percebo nada disso! E até é melhor que o pai não saiba nada!"

Como não foi amado - não pode amar.
Como não foi valorizado - não se estima a si próprio.
Como não foi ouvido - não comunica.
Porque lhe falta isto, e muito mais - precisa duma prótese - que lhe permita ser – SER ALGUMA COISA. Essa prótese pode chamar-se DROGA.ASSIM JÁ É! JÁ CONSEGUE SER!

"O meu Professor de Pediatria dizia que "sempre que falamos de crianças, acabamos a acusar os pais". Em Toxicodependência tem-se a tentação de " acusar a família". O que pode ser, e muitas vezes é, o resultado de se estar a viver num mundo cheio de "armadilhas ", que é o mundo das drogas.É que é armadilha grave fazer crer que é apenas da responsabilidade dos pais aquilo de que eles são, às vezes, apenas vítimas. Repito o que no início disse: a prevenção do uso de drogas é responsabilidade de todos. Se o fenómeno droga deslustra a sociedade em que vivemos - a responsabilidade é de cada um de nós, dos que apenas criticam e dos que se alheiam, dos que votam e dos que se abstêm, dos que têm o dever de governar e dos que têm apenas o dever ético de tentarem ser felizes - até dos que, pensando em liberalizações, pensam ensinar as pessoas a viver facultando-lhes meios de encontrar a morte. "

(1) Relatório da Comissão para a Estratégia Nacional de Combate à Droga, 1998

Comentário: A ironia surge, aqui, apenas como forma de dar realce à seriedade do que está em causa.















Portugal foi um dos países com maior numero de mortes por abuso de drogas


Relatório anual de observatório europeu divulgado em 21.11.2007

Portugal foi um dos países da UE com maior número de mortes por consumo de drogas em 2005.

O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência divulga hoje em Bruxelas o seu relatório de 2007 sobre o problema da droga na União Europeia (UE). Portugal surge como um dos países com maior número de mortes por consumo de drogas em 2005 e o país com a maior incidência de Sida e VIH entre os Consumidores de Droga Injectável.No relatório sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na Europa, Portugal é citado também por aspectos positivos. Entre eles está o facto de pertencer ao grupo de países com boas práticas na fiscalização da condução sob efeito de drogas e por ter centros de tratamento de toxicodependência destinados especificamente a jovens. Este ano, o relatório anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na Europa contém dados dos 27 Estados-Membros da UE, da Noruega e da Turquia. Capítulos individuais dedicados a drogas específicas revelam a situação europeia no que toca à prevalência e padrões de consumo, oferta e disponibilidade, tratamento e outras intervenções, sendo complementados por análises relativas a tendências novas e emergentes no consumo de drogas; políticas e legislações; resposta aos problemas de consumo de droga; doenças infecto-contagiosas e mortes relacionadas com o consumo de droga. O relatório estará disponível em 23 línguas (21 da UE, norueguês e turco) e será acompanhado por três documentos em inglês dedicados a temas específicos: "Drogas e a condução", "Consumo de drogas entre os menores de 15 anos e problemas associados" e o "Impacto do consumo de cocaína e cocaína crack (fumável) na saúde pública". A agência europeia lançará, em simultâneo, o seu Boletim Estatístico de 2007, disponibilizado na Internet, que apresenta cerca de 400 quadros e gráficos estatísticos, apoiando grande parte das análises incluídas no relatório deste ano. Os perfis de dados nacionais completarão o relatório, fornecendo um resumo gráfico dos aspectos-chave da situação do fenómeno da droga a nível nacional.


Comentário: Infelizmente, ainda se continua a morrer, como demonstra o relatório onde Portugal aparece como um dos países da EU onde se verifica mais óbitos por causa directa do abuso de drogas. Preocupa-me saber que alguns jovens iniciam o abuso de drogas, incluindo do bebidas alcoólicas, podendo no futuro fazer parte destas estatísticos devastadoras. Bem sei que é impossível travar esta realidade dura e cruel. Apesar das evidencias procuro centrar-me na forma como posso reduzir (medidas de prevenção) o numero de vidas humanas neste flagelo que afecta a nossa comunidade e a sociedade.


È com pesar que recordo amigos que “partiram” (Rogério 23 anos, Tó Mané 30 anos, Agostinho 24 anos, Fonseca 26 anos, Victor 23 anos, José 24 anos, Perre 23 anos, Ruca 33 anos, etc) como consequência (doença) do abuso de drogas e bebidas alcoólicas. Neste sentido, gostaria de deixar aqui uma mensagem de pesar e saudade a estes amigos e também a todos aqueles que já “partiram”, sem excepção, e deixar uma mensagem de solidariedade às famílias. Para os familiares, profissionais dedicados e aos verdadeiros amigos assistir impotente à destruição de um ente querido e no fim à morte é um processo profundamente doloroso e angustiante. Quem passou por isso sabe como é (sentimentos de revolta e dôr, culpa e vergonha, raiva e ressentimento, isolamento e angustia, etc.) . Para aqueles que continuam envolvidos nesta area especifica (profissionais, familas e todos os interessados) é importante que estejamos todos dentro do mesmo "barco".


Na minha opinião, nao existe guerra contra a droga, porque enquanto houver pessoas a morrer perdemos a batalha, acredito na existencia de pessoas (poder do grupo) validas, corajosas, com espirito de abnegação, determinadas e inspiradas, no dia-a-dia, em recuperar as suas vidas e a vida dos outros. "Mais Vale Prevenir Do Que Remediar". Depois da morte ja não ha nada para remediar... Sofrem os que cá ficam.

Quando e Como Se Inicia o Abuso de Drogas


"Estudos anunciados pelo National Survey on Drug Use and Health, designado formalmente pelo National Household Survey on Drug Abuse, descrito pelo Substance Abuse and Menthal Health Services Administration advertem que actualmente algumas crianças iniciam os seus consumos de drogas entre os 12 e 13 anos de idade, enquanto outros iniciam os consumos ainda mais cedo.

O consumo prematuro envolve substancias tais como; tabaco, bebidas alcoólicas, inalantes1, canabinoides (haxixe e erva) e drogas licitas. Se o abuso de drogas persistir ate finais da adolescência, os jovens envolvem-se em consumos de haxixe, e mais tarde, em drogas ilegais, mantendo os consumos de tabaco e álcool. Estudos revelam que o abuso prematuro de drogas encontra-se associado a um maior envolvimento em vários tipos distintos de drogas, quer seja com as mesmas drogas ou outras diferentes. De qualquer maneira, estudos efectuados ao longo do tempo indicam que os jovens não progridem nos consumos de drogas diferentes. Mas entre aqueles que se envolvem progressivamente no abuso de drogas, o seu historial de abuso varia, entre a oferta de drogas na vizinhança, aspectos demográficos e outras características. Em geral, os padrões de abuso estão associados a comportamentos reprováveis sociavelmente, percepção do risco e a oferta de drogas na área de residência.

Cientistas lançaram varias hipóteses acerca do porquê sobre as pessoas que primeiro se envolvem com drogas e só depois o abuso se intensifica. Uma das explicações mais plausíveis tem a ver com causas biológicas, tais como ter familiares com historial de abuso de drogas e/ou álcool, que poderá haver uma predisposição genética para o abuso de drogas. Outra explicação para o abuso de drogas tem a ver com a associação a um grupo de pares que abusem de drogas que por sua vez coloca o indivíduo mais exposto a outro tipo de drogas diferentes. De qualquer maneira muitos outros factores podem estar relacionados.

Foram identificados diferentes padrões na iniciação de drogas baseados no género, raça, grupos étnicos e zonas geográficas. Por ex. os investigadores descobriram que as circunstancias onde são oferecidas drogas aos jovens podem depender de factores relacionados com o género. Geralmente, os rapazes são mais sujeitos a ofertas de drogas e em idades prematuras. (demasiado cedo nas suas vidas). O inicio do abuso de drogas podes ser influenciado nos locais onde as drogas são oferecidas, por ex., na rua , em parques, escolas, casa ou festas. Admite-se também que as drogas podem ser oferecidas por irmãos, amigos pelos próprios pais.
Enquanto maioria dos jovens não progridem nos consumos de drogas para além dos consumos esporádicos, outros rapidamente intensificam o abuso de drogas. Os investigadores descobriram que estes jovens têm maiores probabilidades de conseguir uma combinação de factores elevados de risco e reduzidos factores de protecção. Estes adolescentes são caracterizados por jovens com elevados níveis de stress, reduzido apoio parental e baixo rendimento escolar.

Contudo, existem factores de protecção que conseguem suprimir a progressão intensificada do abuso de drogas. Por ex. autocontrole, que inibe o comportamento problemático e que naturalmente promove a maturidade necessária durante a adolescência. Agregando, uma estrutura familiar protectora, uma personalidade individual e variáveis do ambiente reduzem os riscos de abuso de drogas. Intervenções protectoras fornecem habilidades e competências aos jovens de risco de forma a desenvolverem factores de protecção e a prevenir a intensificação do abuso de drogas."

1 Inalante designa toda a substância passível de ser inalada, isto é, introduzida no organismo através da aspiração pelo nariz ou boca. Os inalantes são geralmente solventes. Estes são substâncias que têm a capacidade de dissolver outro produto e costumam ser bastante voláteis (evaporam-se com facilidade, daí a facilidade da sua inalação) e inflamáveis. Existem diversas substâncias que podem ser inaladas. As mais usuais são produtos químicos de uso doméstico como aerossóis, gasolina, colas, esmaltes, tintas, vernizes, acetonas, éter ou ambientadores.


National Institute on Drug Abuse (NIDA) – Prevenir o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes

Pais Prevenidos



"Como é do senso comum, pais informados e actualizados ao nível da prevenção são indiscutivelmente uma fonte de poder muito valioso. Na posse de informação sobre factos, relacionados com o uso de bebidas alcoólicas pelas crianças, pode-se fazer prevenção na família.
Eis algumas questões importantes a serem contempladas pelos pais:

* Consumir bebidas alcoólicas no período da pre-adolescencia constitui um serio problema.

* Sinais de perigo ajudam os pais a identificar um potencial problema.

* Pais activos na prevenção fazem a diferença nas vidas dos seus filhos hoje e no futuro.

O álcool causa um impacto negativo na saúde das crianças. O álcool afecta alguns órgãos do corpo humano incluindo o desenvolvimento do cérebro da criança. Tem impacto na coordenação motora, no controle de impulsos, na memória e no discernimento. Para além do impacto negativo na saúde o consumo de álcool também está relacionado com a violência, comportamentos de risco relacionado com o sexo, reduzido rendimento escolar, acidentes de viação relacionados com a ingestão de bebidas alcoólicas e outros tipos de comportamento de risco e problemático entre os jovens (ex. consumo de drogas psico-activas geradoras de dependência, e perturbações mentais). O uso do álcool também se encontra relacionado com acidentes fatais, ex. suicídio. O álcool é a droga de escolha de eleição (numero 1) para as crianças e adolescentes.

Os números contam?
Podemos constatar a seriedade deste facto através de alguns números de estatísticas:
* As crianças que iniciam os consumos de álcool antes dos 15 anos, correm 5 vezes mais risco de poderem desenvolver um problema de abuso de álcool na idade adulta do aqueles que só consomem depois dos 21 anos de idade. Paradoxalmente, Portugal é o único pais da EU onde a idade limite de consumo de bebidas é de 16 anos e o sexto maior consumidor de bebidas alcoólicas da UE, com 12 litros per capita por ano. Enquanto em quase todos os países a idade é de 18 anos e na Suécia e Islândia é 20 anos.

* Quase todos os estudantes de 15-16 anos (>90%) beberam álcool em algum momento da sua vida, começando em média aos 12 ½ anos de idade, e embriagando-se pela primeira vez aos 14 anos. A quantidade média bebida numa única ocasião por jovens de 15-16 anos é acima de 60g de álcool, e chega a quase 40g no Sul da Europa. Mais de 1 em 8 (13%) dos jovens entre 15-16 anos embriagaram-se mais de 20 vezes na sua vida, e mais de 1 em 6 (18%) fizeram “binge” (5 ou mais bebidas numa única ocasião) três ou mais vezes no último mês. Os rapazes continuam a beber mais e a embriagar-se mais frequentemente do que as raparigas, com uma redução pequena na diferença absoluta entre eles. A maior parte dos países mostram uma subida no “binge-drinking” para os rapazes desde 1995/9 a 2003, e quase todos os países mostram isto para as raparigas (resultados semelhantes são encontrados para países sem pesquisa ESPAD e usando outros dados). Por detrás desta tendência global, podemos ver uma subida no “binge-drinking” e na embriaguez na maioria da UE de 1995 a1999, seguidos por uma tendência muito mais ambivalente desde então (1999-2003).

* Portugal é um dos países onde aumentou o consumo excessivo de bebidas - chamado binge drinking, o que geralmente é medido pela ingestão de cinco ou mais bebidas alcoólicas em um dia, o que pode levar à embriaguez ou à intoxicação."Há cada vez mais relatos do uso do álcool entre os jovens em países que não estavam habituados a este problema. Tal inclui o aumento do beber exageradamente em Portugal ou do consumo fora das refeições em Itália".

Sinais de perigo ajudam os pais a identificar um potencial problema
Certo tipo de comportamento pode indiciar um problema relacionado com o álcool, especialmente se for imprevisto e/ou parecer grave. A preocupação parental deve ser ainda maior se surgirem, ao mesmo tempo, vários sinais de perigo.
Sinais a estar atento:

* Mudanças repentinas

* Lapsos de memória

* Problemas de concentração

* Alterações de comportamento
* Problemas na escola

* Absentismo e baixo rendimento escolar (ex. notas baixas e acções disciplinares)

* Rebelião contra as regras de casa e família.

* Alteração do ciclo de amigos , revelando relutância quando convidado a apresentar aos pais esses novos amigos.

* Aparência física desleixada

* Perda de interesse em actividades criativas

* Alterações emocionais
* Alteração do humor repentinas

* Reacções violentas, irritabilidade e atitudes defensivas

*Atitude “nada interessa...”

*Alterações físicas
*Perda de energia

*Olhos exagradamente "vermelhos"

*Falta de coordenação

* Discurso vago

Os pais implementam um plano de acção
Infelizmente, as crianças são constantemente “bombardeadas” por publicidade que estimula o consumo de bebidas alcoólicas. Também pode acontecer sofrerem alguma pressão por parte do grupo de pares para que consumam álcool. De qualquer forma, tanto o pai ou mãe e/ou ambos influenciam seguramente as decisões e escolhas que os filhos fazem nas suas vidas.

Faça alguma coisa:
Se descobrir garrafas que contenham álcool no quarto e/ou no caixote do lixo ou que ele cheire a álcool, não ignore estes sinais.

A melhor ferramenta para trabalhar na prevenção com o seu filho é através da comunicação. Eis uma lista de procedimentos que os pais podem ter:
- Informar-se acerca dos danos provocados (mente, corpo e as emoções) pelo uso de bebidas alcoólicas nas crianças.

- Comece a comunicar, o mais cedo e frequentemente possível com o seu filho/a. Explique quais são as suas expectativas quanto ao consumo de alcoólicas (ex. festas onde bebidas alcoólicas estão disponíveis)

- Envolve-se nas actividades dos seus filhos/as. Encoraje o seu filho/a a participar em, actividades divertidas, que promovam competências saudáveis e que sejam isentas de bebidas alcoólicas.

- Seja um bom “modelo”. Pense que tipo de comportamentos a adoptar em frente ao seu filho.
Encoraje o seu filho/a a fazer amizades e como estabelecer relacionamentos positivos.

Definir a regra – não achincalhar ninguém que tenha bebido álcool. Informe-os de entrarem em contacto consigo se um dia se virem numa situação dessas (por ex. sob o efeito do álcool) e estará disponível para os ir buscar ou providenciar uma forma segura de chegarem a casa.

Relembre as regras da família e as consequências se forem quebradas.

Lembre-se, quanto mais cedo tiver conversas construtivas com o seu filho /a sobre os consumos de bebidas alcoólicas, poderá ser uma influencia positiva nos valores e decisões deles. Conversas breves e regulares são mais produtivas do que longos sermões e “palestras”. E relembre-os de quanto orgulhoso, como pai, se sente pelas decisões dos seus filhos/as."
National Institute on Drug Abuse (NIDA) – Prevenir o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes




Quais os Periodos de Maior Risco de Abuso de Drogas Entre os Jovens



A investigação revela que os períodos de maior risco de abuso de drogas ocorrem durante a transição das fases mais significativas da vida das crianças. A fase de transição do desenvolvimento, alterações físicas (por ex. puberdade), ou em contextos sociais (ex. processo de divorcio dos pais), onde as crianças estão sujeitas a uma exposição intensa por problemas comportamentais.

A primeira grande transição ocorre quando deixam a segurança do lar e iniciam a escola. Mais tarde, quando deixam o ciclo e passam para o ensino secundário, cruzam-se com experiências diferentes em termos do seu desempenho escolar e em eventos sociais mais complexos; aprendem a relacionar-se com um grupo mais vasto de pares e desenvolvem expectativas pelas suas carreiras escolares. È nesta fase, no inicio da adolescência, onde é mais provável, pela primeira vez nas suas vidas, terem contactos com as drogas. Entretanto entram no ensino universitário, onde encontram novos desafios a nível social, psicológico e educacional. Ao mesmo tempo podem ficar expostos à disponibilidade elevada de drogas, a pessoas que abusem de drogas e envolvimento em contextos sociais onde se consumam drogas. Estes desafios podem aumentar o risco de abusarem de álcool, tabaco e/ou outras drogas.

No final da adolescência, uma situação particularmente arriscada, quando os jovens saem de casa de forma a ingressar na universidade, sem a supervisão parental. O abuso de substancias, particularmente do álcool, permanece como uma problema de domínio publico, designadamente para os adolescentes.

Mais uma vez, os jovens adultos são confrontados por novos desafios e stress que podem conduzir a uma maior vulnerabilidade e risco em relação ao abuso de álcool e ou outras drogas quando os começam a trabalhar ou se casam. Todavia, estes desafios também podem revelar-se protectores quando são interpretados e encarados como oportunidades para crescer e reforçar os seus objectivos e interesses futuros . A investigação revela que estes novos estilos de vida quando adoptados como factores de protecção proporcionam um papel e uma experiência de vida mais valida e significativa do que abusar de drogas.

O factor risco aparece em todas as fases de transição; desde criança até á fase adulta. Entretanto os intervenientes na prevenção necessitam de avaliarem os seus objectivos-alvo (target audiences) e implementarem programas que promovam o apoio apropriado a cada fase de desenvolvimento da criança. Também é necessário avaliar como se podem detectar e reforçar os factores de protecção nas diferentes fases de transição do desenvolvimento."
National Institute on Drug Abuse (NIDA) – Prevenir o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes