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Prevenção das Dependências - Art of Counseling

Prevenção significa: Prevenir, Adiar e Reduzir o abuso de substâncias psicoactivas geradoras dependência crónica, progressiva e fatal.

Prevenção das Dependências - Art of Counseling

Prevenção significa: Prevenir, Adiar e Reduzir o abuso de substâncias psicoactivas geradoras dependência crónica, progressiva e fatal.

A Mudança de atitudes pode ser uma janela de oportunidades



A minha prioridade na area da prevenção é informar e educar, os jovens, sobre um vastíssimo leque de escolhas positivas e construtivas quando à forma como se podem divertir, gerir os seus conflitos, os seus valores morais, a pressão entre pares, escolher amizades, lidar com as suas emoções negativas (raiva, medo, vergonha, frustração, rejeição, lidar com os seus impulsos, etc), tomar decisões construtivas e gestão do stress sem necessitarem de recorrer a substancias. Também procuro a partilha de informação e a discussão sobre os efeitos e consequências do consumo de substâncias, onde o objectivo se centra em desmistificar mitos e valsas crenças. Alguns jovens fumam tabaco para se sentirem adultos e consomem substâncias, incluindo o álcool, para se divertirem. Estas realidades vão continuar, não existem soluções “milagrosas”, todavia, acredito que com um projecto estruturado e continuado podemos ajudá-los a fazerem escolhas, no seu dia-a-dia, que promovam o desenvolvimento pessoal e que visem reforçar factores protectores
Existem contradições, a droga aparece como a preocupação numero um nos pais em relação aos seus filhos, por outro lado, os pais parecem isentar-se do papel de educadores a tempo inteiro. Constato que os pais manifestam a suas preocupações, reais, relativamente ao possível consumo de substâncias dos seus filhos, por outro lado quando convidados a participar activamente neste problema parecem excluir-se. Aparenta existir uma atitude passiva e ambivalente por um lado, rígida, controladora e austera, por outro. São os lados da mesma moeda. Este tipo de atitude, na nossa cultura, reforça e promove a discriminação, o estigma, a negação associado aos consumos de drogas. Recordo-me de pais que, após tomarem conhecimento que um filho consumia drogas, a vergonha e o sentimento de culpa, associado à impotência que sentiam, paralisava-os, acabando por afectar todo o ambiente familiar

Sinais que são Informação Util

Tal como ja foi referido varias vezes iniciam-se os consumos de qualquer substância alteradora do humor porque, essa mesma substância, provoca prazer e uma sensação de bem-estar imediata. Se assim não fosse provavelmente não existiria o problema do abuso e da dependência, e que tanto preocupa a nossa sociedade. Depois ninguém fica dependente de drogas ou álcool de um dia para o outro. A dependência (adicção) é um processo progressivo que ocorre na vida de uma pessoa, que afecta física, mental e espiritual.
Existem alguns sinais que revelam um potencial de risco. Por exemplo, baixo rendimento escolar, roubos e mentiras constantes, absentismo na escola, redução em actividades extracurriculares, desinteresse em hobbies, ignorar regras/valores familiares, antagonismo e defensibilidade extrema (justificação exagerada, “ser o dono da razão”), hostilidade e manipulação, “Promessas quebradas” quanto à mudança de comportamentos, mudança no ciclo de amigos. Também devem ser considerados a perda ou ganho excessivo de peso, a fraca gestão dos recursos financeiros (gastos excessivos e pedidos frequentes de reforço financeiro aos pais e ou colegas, pedir dinheiro emprestado e acumulação de dividas), perda do interesse na aparência pessoal, higiene e auto-estima e o isolamento ou agressividade verbal/fisica entre pares e professores.

Ser diferente por vezes tem um custo negativo

Aparenta existir uma atitude na nossa cultura que reforça e promove o consumo de substâncias adictivas , como algo inócuo. As drogas, quando ingeridas no organismo, proporcionam prazer e euforia de uma forma eficaz. Existem drogas para todo o tipo de pessoas e existem pretextos suficientes e plausíveis para se experimentar a primeira vez o consumo. Toma-se drogas para ficar mais activo, para ficar mais relaxado e descontrair, para dormir, para ir ao cinema, para dançar, para ouvir música, para estudar, para conviver, para inibir o apetite, etc. Estas sensações de prazer e bem-estar são muitas vezes uma prioridade na forma com o lidamos com os nossas emoções mais desconfortáveis, procurando o prazer ou o alívio imediato, em vez de se adiar a gratificação. No meu contacto com pessoas, exclamam “Se posso me divertir melhor...”, “Se consigo expressar-me melhor perante as outras pessoas e ficar mais descontraído...”, “Se consigo ter a atenção dos meus amigose cativa-los...”, “Se consigo dormir...”, “Se posso ter sexo e desinibir melhor...”, “Gosto de ser diferente das maioria das pessoas...”, “Gosto de pertencer a um grupo de amigos especiais que me identifico...”, “Se posso estudar e ficar mais concentrado com drogas porque não hei de consumir. Eu consigo controlar a situação. Não sou fraco. Qual é o problema? Toda a gente faz o mesmo...”

Informar antes de agir...depois pode ser tarde

Gostaria de salientar que quando pensamos em abordagens a adoptar, o problema, em primeiro lugar, coloca-se nas pessoas “cada caso um caso”. O acto de consumir substancias licitas ou ilícitas é um acto voluntário. Ficar dependente não. Quando se começa a usar substancias de uma forma regular, ninguém deseja, conscientemente, ficar dependente. Ninguém escolhe sofrer as consequências (individual, familiar e social) da dependência.
Uma jovem que consome haxixe de vez em quando pode não ser considerado um problema grave a curto ou medio prazo, nesta situação considero pertinente a consumidora ser informada dos riscos de consumir uma substancia psico activa (alteradora do humor). O haxixe possui uma substancia THC (tetrahidrocannabinol Delta-9) sabe-se que este cannabinoide existente no haxixe é mais potente, em termos do seu efeito toxico, comparativamente com o mesmo cannabinoide, há 10 anos atras, logo poderá causar mais dano e permanece no organismo durante aproximadamente cinco ou mais dias. Considero importante desmistificar certas crenças que enfatizam e reforçam o consumo, principalmente entre os jovens e os pais, visto ser uma substancia que aparenta comportar menos riscos para a saúde. Os jovens que consomem haxixe podem adoptar comportamentos de risco que incluem HIV/Sida, gravidez indesejada, problemas na escola e abuso de bebidas alcoólicas ou uso concomitante de varias substancias, entre outros.
Enquanto que se consumir heroína o risco de se tornar dependente a curto ou médio prazo (adicto/patologia) pode ser muito elevado. Existem drogas altamente adictivas, caso da heroína e a cocaína, em que essa pessoa corre o risco de ficar dependente num período por exemplo, de 6 meses ou menos. Caso se torne dependente necessitará de apoio profissional.
Conheço casos de pessoas, que atingiram a dependência de heroina ao fim de um ano, enquanto outras ao fim de vários anos. Casos de pessoas que consomem haxixe “sociavelmente” enquanto outras recorreram a tratamento (ajuda profissional) por dependência e também pelo aparecimento de outro tipo de diagnostico/patologia (por ex. psicoses) relacionados com os consumos. Existem critérios (DSM IV) definidos (patient placement criteria) que possibilitam o diagnostico em termos 1. abuso e 2. dependência de substancias psico-activas (adicção).
Acredito que os consumidores de haxixe, mesmo os ocasionais, o risco de um dia consumirem heroina e ou cocaína é maior do que aqueles que não consomem essa mesma substancia. Ao longo da minha experiência profissional, constato que a grande maioria das pessoas adictas/dependentes a substancias (heroina e ou cocaína) iniciaram o consumo de substancias psico activas com o haxixe. Contam-me “Comecei a fumar um charrinho de vez em quando, todos diziam que não fazia mal nenhum.”